O silêncio após a batalha era espesso, quase sólido. Os estilhaços da realidade ainda pairavam no ar como poeira encantada, tremeluzindo nas bordas da estufa onde tudo acontecera. Arthur estava ajoelhado no centro, os olhos fixos no chão rachado, como se ouvisse algo que mais ninguém era capaz de perceber.
Miguel se aproximou com cautela.
— Arthur?
Os olhos do rapaz se ergueram devagar. Não havia medo neles — apenas um cansaço antigo, como o de quem caminhava em guerra mesmo dormindo.
— Eu vi... tudo — disse ele, com voz rouca. — Estava sonhando com vocês. Com ela. Com o que se esconde do outro lado.
Elisa — ou Fratura — se aproximou. Seus olhos curiosos buscavam respostas que talvez nem ela quisesse entender.
— Você sonhava com... a outra metade? — perguntou.
Arthur assentiu.
— Mas não era só sonho. Era como se... parte de mim já estivesse lá. Como se eu fosse um espelho do que está preso além do véu. E ela... me chamava pelo nome.
Valéria, ainda ofegante da batalha, se encostou a um