A noite estava inquieta, como se o mundo tivesse prendido a respiração. Miguel observava a cidade do alto de um terraço abandonado, sentindo o peso das perdas e das perguntas sem resposta. Valéria ainda não havia retornado da última patrulha, e Léo estava mergulhado em um silêncio pesado, consumido pelas visões que o atacavam desde a última batalha.
Mateo, por outro lado, estava mudado. Ele tinha sobrevivido, sim, mas carregava no olhar algo sombrio — um reflexo do que viu e fez. Miguel não ousava perguntar. Ainda não.
Foi então que algo aconteceu.
O céu clareou por um instante, como se rasgado por uma força invisível. Um feixe de energia negra subiu do subterrâneo, visível apenas para olhos marcados pela sombra — como os de Miguel.
— A fenda abriu de novo — disse uma voz atrás dele. Era Elias. Pálido, cansado... vivo. Mas algo em sua presença estava errado. O tempo que passou entre os mortos o mudara.
Miguel virou-se devagar.
— Você viu o mesmo que eu?
Elias assentiu.
— E senti... e