O céu parecia manchado de sangue quando Miguel emergiu do santuário das sombras. Seus olhos, agora acostumados com a escuridão dos dois mundos, viam além da névoa, além da dor. Ele sentia o pulsar da cidade como um coração quebrado, tentando bater com o que lhe restava. O mundo não era mais o mesmo — e ele também não era.
Ao seu lado, Valéria caminhava em silêncio. As cicatrizes em sua pele brilhavam em tons pálidos sob o luar, mas eram as que estavam na alma que mais pesavam. O grupo havia vencido a batalha contra o terceiro portador corrompido, mas o preço cobrado ainda não tinha sido totalmente revelado.
Mateo permanecia recluso, inquieto, andando de um lado para o outro na velha igreja que agora servia de abrigo. Léo, por outro lado, se afastara. Dissera que precisava buscar algo — ou alguém — em meio aos destroços do antigo hospital onde sua irmã havia desaparecido.
Miguel, agora mais sensível ao véu, começou a ouvir sussurros novamente. Mas desta vez, não eram apenas vozes perdi