ARTHUR CASTELLANI
Nunca fui de hesitar . Tomar decisões rápidas e seguras sempre foi meu diferencial no mercado . Mas naquela noite , com Maitê nos meus braços e meu coração exposto como um garoto de vinte anos apaixonado , eu soube que estava prestes a tomar a decisão mais arriscada da minha vida – e, ao mesmo tempo , a mais certa.
Saí do apartamento deixando para trás o cheiro do cabelo dela ainda impregnado na minha pele. Entrei no carro , abri os vidros e deixei o vento gelado me atingir o rosto . Era real . Não havia mais espaço para desculpas , nem para essa farsa . Eu ia pedir o divórcio. Não importava o que custasse.
A primeira providência foi avisar minha advogada pessoal , Silvia Moretto, que nos conhecia há anos – tanto a mim quanto Valentina . Silvia tentou , por formalidade, perguntar se eu tinha certeza. Bastou meu silêncio para ela entender . Pedi descrição . Ela não precisaria agir de imediato , só preparar os termos . Eu queria conversar com Valentina pessoalmente.