ARTHUR CASTELLANI
O céu de São Paulo parecia ainda mais cinza do que eu lembrava quando o jatinho tocou o solo. Talvez fosse eu. O que me pesava não eram as horas de voo, mas os silêncios. Estava sendo frio com Maitê de propósito justamente por não suportar ver ela perto do Caio , aquilo definitivamente desgraçou com o meu dia e a sua omissão piorou tudo!.
Será que ela tinha algum tipo de interesse nele e estava jogando com nós dois?
Não queria ficar pensando nessas merdas e por isso mesmo peguei outro rumo , que não fosse o de casa. Mandei o motorista para outro endereço. Precisava de um lugar onde pudesse afogar o que estava fervendo por dentro — raiva, frustração, ciúme. Fui parar em um bar sofisticado, no alto de um hotel cinco estrelas. O tipo de lugar em que você paga caro para esquecer quem é.
Sentei no balcão e pedi uísque. Duplo. Depois mais um. E outro. Não precisava conversar. Só precisava do silêncio do álcool. Só que silêncio demais, às vezes, abre espaço para os fantasm