MAITÊ
A campainha tocou um vez. Depois de novo. E mais uma vez , mais insistente
Eu estava deitada no sofá , as luzes apagadas , o espaço mergulhado em penumbra . Nem me dei ao trabalho de levantar imediatamente . Eu sabia quem era . Só uma pessoa tocaria daquele jeito – com aquele ritmo impaciente , quase furioso e ele poderia entrar já que se tratava de seu apartamento.
Arthur
Me arrastei do sofá , ainda descalça, vestida com uma camiseta larga que eu passei a usar por sentir vontade às vezes de sumir do mundo . Me aproximei da porta com o coração batendo rápido . Respirei fundo antes de abrir.
-O que você quer?- soltei , seca , antes mesmo dele dizer qualquer coisa
Ele entrou sem pedir permissão . Passou por mim como se a sala fosse dele, e era . Portanto eu já me sentia a própria dona já que passava o tempo inteiro sozinha , com os olhos cravados no meu rosto. Estava tenso . O maxilar marcado , a gravata frouxa , o cabelo bagunçado como se tivesse passado a mão por ele mil vez