ARTHUR CASTELLANI
Na delegacia, minhas memórias voltavam em pedaços desconexos. A mulher chamava-se Estela — modelo, promotora de eventos, uma das habitués do circuito noturno. Tinham fotos nossas no bar. Imagens minhas entrando no elevador com ela. Mas nada do que aconteceu no quarto. Apenas eu, nu. Ela, morta. E um quarto inteiro transformado em cena de crime.
Contratei o melhor criminalista da cidade. Ele chegou antes mesmo da primeira audiência. Eduardo Montoro. Só me disse uma coisa ao entrar na cela:
— Você vai ter que me dizer toda a verdade. Mesmo que doa.
Eu queria dizer. Mas não sabia qual era.
Naquela noite, ainda trancado, recebi outra visita. Não foi Maitê. Foi o diretor jurídico da Império. Trouxe um envelope. E o que estava ali dentro fez minha cabeça explodir.
Fotos. Prints. Conversas. O dossiê. O mesmo que vinha me atormentando há meses, com ameaças de expor as falcatruas que jamais cometi — mas que pareciam verdades graças à manipulação de documentos.
E finalmente, n