ARTHUR CASTELLANI
Sentei no chão da sala, a cabeça entre as mãos. O caos fora de mim parecia menor do que o que habitava dentro. Nenhuma notícia de Maitê. Nenhuma explicação para o que tinha acontecido com Estela. Nenhuma clareza.
Só perguntas.
Só culpa.
Só silêncio.
Foi quando o interfone tocou.
— Doutor Arthur? Chegou um envelope aqui pra você. Foi deixado por um motoboy, sem identificação.
— Manda subir. Agora.
Minutos depois, um envelope pardo repousava sobre minha mesa. Não havia remetente. Nada escrito por fora. Abri com cautela.
Lá dentro, uma carta digitada, fria, direta. E junto dela, um pen drive.
"Você está sendo caçado pelas pessoas erradas. Tudo começou com Estela. Veja o que ela gravou dois dias antes de morrer."
Conectei o pen drive no notebook. Um único arquivo de vídeo.
A imagem tremia. Estela, de rosto limpo, sem maquiagem, falava olhando diretamente para a câmera.
— Meu nome é Estela Ramírez. E se você está vendo isso... é porque aconteceu o que eu temia.
Ela engoli