— Valéria, estou ficando bem confuso se sou eu o chefe ou o contrário — questionei, ocupando o banco traseiro do carro. John acenou com a cabeça garantindo que estava tudo certo para seguirmos. — Desmarque todos os meus compromissos nos próximos quinze dias. Qual é a dificuldade?
No que conhecia minha assistente era provável que estivesse a ponto de um enfarto. Talvez devesse informar os paramédicos do Brasil, apesar de teimosa, Valéria era a melhor mais capacitada, além de uma velha amiga que me conhecia como a palma da mão.
— David, como assim? Meu Deus, são muitos compromissos, alguns inadiáveis, outros que custaram alguns milhões. O que eu faço?
— Resolva, pago você para isso. — Meu tom não soou tão áspero quanto as palavras. — Moleza… você consegue.
— Peço demi
— Que lugar é esse, e por que está de avental? — David perguntou assim que me aproximei do seu carro. Semblante enrugado e braços cruzados. — Está trabalhando aí?Coloquei o avental dentro da mochila, antes de lançar a ele um olhar bem insatisfeito com o interrogatório.— Boa noite, David — saudei irritada e pisei firme entrando no carro, onde seu motorista estava de prontidão como um soldado da rainha.— Vamos!?Ele moveu o maxilar e contornou entrando no outro extremo.— Por que escondeu que trabalhava na Pop’p? — indagou enquanto se acomodava.— Quer medir agora o nível de sinceridade entre nós? — Trocamos um olhar magoado até os pontos castanhos caírem para minhas mãos que ainda brilhavam com o diamante. Ele jogou os lábios de canto e voltou para mim. — Precisamos conversar, tem algum lugar tranquilo que possamos ir?— Sim, claro! John o hotel de sempre — disse ao seu motorista que colocou de imediato o carro em movimento. Havia uma distância razoável entre os corpos que por um in
Precisei de um tempo, ele também, nunca gritamos um com o outro e não podíamos apagar o dito, palavras ferem da mesma forma que as atitudes.— Desculpe, meu amor, não quis…— O garoto está com câncer, ele está morrendo. David cambaleou chocando a parede atrás de si.— Quê? — Timbre fraco.— Ele está entre a vida e a morte no hospital, à procura de um doador, se você for o pai…— Eu não sou — negou, ajustando a calça e avançando para a sala.— Não com uma única noite sem preservativo.Desci da bancada.— Mas se você for, pode ser compatível e salvar a vida dele, ele é só um garotinho, não tem culpa de nada.— Não, não acredito em nada… — Ele travou quando coloquei ao alcance
Acreditem se quiser, mas o ar quente que recebi quando entrei na boate FIRE queimou meu rosto e me transportou para um universo que, porra, nunca tinha experimentado. A UP era fichinha perto do incêndio daquela boate. Todo o tipo de gente, de raça e de estilo cruzou meu caminho durante o percurso dançante que fizemos até uma pequena mesa embaixo da área vip. Bem, meu rosto estava um pouco melhor, recebeu das meninas um retoque leve de maquiagem, permaneci com o meu jeans, mas recebi um corpete rendado e uma sandália alta. Passei creme na pele, o que não eliminou o cheiro de sexo e do David impregnado na carne.Meu coração quebrado. Minha mente destroçada.Ainda me indicavam que se embriagar não era nada sábio para um emocional abalado como o meu. No entanto, quais eram as coerências dos últimos tempos? Nada. Simplesmente nada era sólido na minha vida. Então, si
— Seu noivo não contou a você? — perguntou, desprovido do tom malicioso. — Não acreditou na versão do homem do ano?— Quero ouvir a sua, ou falar sobre isso para você é somente em grande estilo, como fez no escritório? Precisa de plateia?Ele esboçou um sorriso apagado, meneou a cabeça e mirou meus olhos com intensidade.— Se apresse, Aurorinha, porque vai chover. — Deu meia volta e abriu a porta. — Não quero que fique gripada.Dito isso, o infeliz desapareceu. Soltei o ar e quis socar a parede.Toda vez que encontrava o Nicholas meu corpo agitava, era como se ele impulsionasse um gatilho vulcânico dentro de mim, algo forte. Só que ao mesmo tempo, havia nele… não sei se é pelo fato de compartilharmos o mesmo latejo, traição, fizesse com que sentisse empatia. Em todo caso, o irmão do David estava longe de se tornar alguém com quem me importasse, ele cruelmente acabou com a minha vida.Que merda, qual era o problema em ter um minuto de rebeldia? Eu só queria ficar bêbada. Soltei o ar, o
— David!Despertei no susto, o esforço em despregar as pálpebras doeu na alma, movi a cabeça para o lado pesada demais para raciocinar e não o vi. Nossa, não havia o maior sentido, meu corpo doer, minha cabeça latejar de forma que abandonar a cama se tornou um ato doloroso. Se não me fugia a memória eu bebi apenas três doses de tequila, logo, esse estado lastimável não se encaixava com a véspera. Um frio dos diabos encolheu meu corpo. Esquisito, Los Angeles não estava em época de inverno. Sede, muita sede. Esse, foi o principal motivo de eu me aventurar em ir até a cozinha como se um prédio de trinta andares estivesse guinchado a minhas costas.— Bom dia! — David me saudou quando o encarei sem ânimo algum. Mas admito, meu coração saltitou, ele ficou. O cheirinho de café planou no ar, o que não foi suficiente para ressuscitar meu corpo. — Melissa já saiu para a faculdade — falou ao escorar na bancada.— Acordou há muito tempo? — Passei por ele e peguei a garrafa de água, virando-a na g
Eles se entreolharam e como dois babacas, gargalharam às minhas custas.— Muito engraçado — bufei sem achar graça.— Preciso te avaliar, David comentou que sua febre, embora ele não mediu, estava muito alta — disse ao posicionar sua maleta na mesa de cabeceira.— David, é apenas um resfriado, não precisava incomodar seu amigo.— Não é incômodo, Aurora. — Sentou-se na beirada — Nem sempre é só um resfriado.— Amor… — Cerrei os olhos. — Pare de ser teimosa e permita que o Danny a examine.— Tá certo.Eles sorriram e a campainha voltou a tocar.— A casa está bem movimentada hoje. Quem será?— Seu almoço. — David me inteirou que estava no comando. — Só um instante.À medida que o médico bonit&a
Brasil, São Paulo.Alguns dias depois…— David, querido — Maria me saudou quando pisei exausto no meu apartamento. — Feliz em vê-lo, não imaginei que seria tão cedo.— Sinceramente, nem eu, Maria.— Onde desembarco as malas, sr. Queen? — John inqueriu em inglês, assim que cruzou a porta.— No andar de cima, por favor, John.— Quem é esse? — Maria quis saber com uma expressão duvidosa.— Meu motorista e segurança da Califórnia, ele desembarcou comigo e fará somente minha segurança aqui, pois não conhece muito São Paulo. Prepare um quarto para ele.Ela me olhou chocada.— Perto do meu? Crispei os lábios.— Qual o problema, Maria?— Nenhum. — Deu de ombros, mas permaneceu esquisita. — Co
O rosto ergueu-se fraco, como se fizesse muito esforço para encarar um outro tenso, fechado, incisivo demais. Não pude evitar, Eduarda causou na minha vida um bolor irreversível, sua negativa assim que Nicholas nos flagrou no ato torpe, foi no mínimo filha da puta. A desgraçada se esquivou de qualquer responsabilidade e jogou aos meus pés toda a culpa. Não que não fosse, podia ter evitado, ele era o meu irmão.— David — a voz quase não saiu —, o que faz aqui?— Precisamos conversar, tem um minuto?— Quê? — Rondou o local, procurando algo ou alguém. — Sem segurança ou advogados? Perdeu o medo da garota perigosa do interior?Inspirei com o pouco de paciência que ainda me restava.— Sem ironias…— Eu, irônica? — Seu corpo subiu num rompante. — A penúltima vez que no