Mundo de ficçãoIniciar sessão— A fome é sempre o melhor tempero, Kat.
— Ele vai me deixar sair do quarto amanhã?
— Tudo volta ao normal amanhã — Lily entrega um bombom para a jovem — Para adoçar um pouco o seu dia.
— Aquele jardim era tão bonito. Seria maravilhoso passar o dia naquele lugar.
— Acho que você vai conseguir passar no máximo meia hora, quando a Stella sai um pouco.
— Ela prefere aquele quarto cheio de brinquedos.
— O senhor Miller acostumou ela assim. Ele prefere que elas não fiquem expostas, então a única que sai com mais frequência, é a senhorita Saiph.
— Ele realmente ama muito as duas, Lily?
— Ele é como um pai para a pequena Ella. A senhorita Saiph sempre foi protegida por ele. Dizem que ele faz isso desde a infância, sendo um irmão protetor e cuidadoso.
— Não consigo imaginar ele sendo carinhoso com alguém.
— Um dia eu te mostro um lado dele que só a Stella conhece.
Kat acaba dormindo apenas de madrugada, ela tinha passado muito tempo dormindo, então acabou dormindo poucas horas naquela noite. Lily deixa o café da manhã no quarto, enquanto a Black estava no banho. Atlas talvez estivesse com um péssimo humor, então ela queria se comportar da melhor maneira, para que ele não pensasse num castigo pior.
Era difícil não bater de frente, ela queria gritar com ele, e dizer tudo que pensava. Atlas era a pior pessoa do mundo para Kat, e ela não conseguia enxergar algo bom nele. A jovem negra veste o uniforme antes de tomar café. Stella estava terminando de se arrumar com a ajuda de Lily, enquanto sua mãe estava indo para o trabalho. A garotinha parecia uma boneca, com traços delicados e lindos cachos. Kat sentia vontade de se tornar mãe, e imaginava uma menina tão doce quanto Stella, em seus braços num futuro talvez distante.
— A Stella tem muitos amigos? — indaga Kat após o motorista levar a menina.
— Ela tem uma melhor amiga, mas se da bem com praticamente todos os colegas.
— Ela é realmente uma garota adorável.
— Sem ela essa casa seria insuportável. O senhor Miller vivia trancado no escritório e com um péssimo humor.
— Então ele conseguia ser pior que agora?
— Ele agora é uma pessoa maravilhosa. Antes da chegada da Stella, ele só era mais tranquilo na presença da irmã, e ainda sim trocavam farpas.
— Ele já foi uma pessoa normal algum dia, Lily?
— Eu comecei a trabalhar na mansão quando ele já era viúvo. Mas dizem que na época que a esposa era viva, ele era uma pessoa alegre. Sempre teve pulso firme nos negócios, mas era amável fora do trabalho.
— Você sabe como a esposa dele morreu?
— Ele proibiu esse assunto aqui na casa.
— Talvez tenha sido um acontecimento traumático?
— Só sei que ela morreu muito jovem. Acho que eles nem tiveram muito tempo juntos depois de casados.
— Então o passado do Atlas é realmente muito triste.
— Os irmãos Miller, tem um passado amoroso trágico. Acho que nenhum dos dois tem esperança no amor.
...
— Como anda a escola? — Atlas se senta ao lado da sobrinha.
— Eu tenho um passeio essa semana.
— Sua mãe já assinou a autorização? — indaga o mais velho.
— Sim. A minha professora disse que precisa de voluntários, já que o passeio vai ser em outra cidade.
— A sua mãe já disse que vai? Acredito que que outros pais já tenham confirmado.
— Ainda faltam dois pais. A maioria não vai conseguir sair do trabalho, então a professora perguntou se alguém da minha família pode ir.
— A sua mãe poderia ir ao passeio com você.
— A mamãe tem aquela viagem de trabalho.
— Esqueci da bendita viagem — ele coça a sobrancelha um tanto pensativo.
— Você pode ir comigo? Na realidade mais ninguém pode ir, então você teria que ir com a mamãe de qualquer jeito.
— Outro pai precisa ir no lugar da sua mãe. Eu até posso ir, mas sua mãe tem a viagem.
— Eles não conseguiram mais ninguém. A Kat pode ir com você? Sem todos os voluntários a viagem vai ser cancelada.
— Eles não podem ir com um à menos? Não vai fazer diferença no final.
— São regras de segurança, tio. A quantidade de adultos tem que ser o suficiente para monitorar as crianças.
— Eu vou fazer isso por você, mas não se esqueça que a Kat não é da família.
— Você é o melhor tio do mundo inteiro — ela pula nos braços de Atlas e o abraça.
Kat para na porta do quarto, ela observa Stella abraçar o tio. Eles pareciam realmente ter uma boa relação, a menina estava genuinamente feliz. Pela primeira vez durante semanas, ela consegue observar um sorriso nos lábios dele. Atlas era sempre muito sério, mas naquele momento ele parecia mais leve.
— Você esta aí?! — Stella puxa a babá pela mão.
— Cheguei tem apenas alguns segundos, senhor Miller.
— Você vai comigo e o meu tio num passeio amanhã.
— Eles precisam de voluntários para monitorar as crianças junto com a professora — Atlas se levanta e arruma o paletó — A escola da Stella sempre achou interessante, que a família estivesse envolvida.
— Você vai no lugar da minha mãe, Kat.
— Esteja pronta oito da manhã em ponto — ele sai do quarto antes que ela possa responder.
— Eu tenho que levar alguma coisa para esse passeio?
— Uma troca de roupa e um pijama. Vamos passar a noite lá — a menina pega uma mala de mão no closet.
— Então vai ser uma pequena viagem escolar?
— Vamos ir para um hotel fazenda muito legal.
— Tem muitos animais? — ela se senta para escutar a menina.
— Tem até coelhos e vacas — a menina diz animada.
— Só não esqueça de levar galochas na mala.
— Você acha que é melhor a jardineira ou o vestido?
— A jardineira é mais adequada para a ocasião.
— Eu vou levar o meu pijama favorito também.
— Não se esquece de levar um casaco e roupas íntimas.
— A minha mãe sempre me ajuda com a minha mala.
— Então hoje sou eu quem vai te ajudar.
...
Os quartos eram grandes e aconchegantes. Kat estava divindo o quarto com Stella, enquanto Atlas estava em outro quarto com um dos voluntários. Elas desfazem as malas rapidamente, a primeira atividade seria com os alimentos que eram plantados no hotel fazenda. A Black veste deu uniforme e faz duas tranças no cabelo.
— Faz uma trança em mim? — indaga Stella terminando de vestir a jardineira.
— Vou fazer uma trança bem bonita no seu cabelo.
— A minha mãe disse que o meu cabelo é cacheado igual o do meu pai. Eu não conheci ele.
— O seu pai mora muito longe? — ela começa a dividir o cabelo para fazer a trança.
— Ele morreu quando eu era um bebê na barriga da minha mãe.
— Sinto muito. Você é bastante parecida com a sua mãe — ela tenta mudar de assunto.
— Você acha? A minha mãe é muito bonita — a menina parece se animar com o rumo da conversa.
— Vocês duas tem os mesmos olhos, cor da pele e do cabelo.
— O meu tio é irmão gêmeo da minha mãe.
— Por isso você se parece um pouco com ele.
— Você acha o meu tio bonito, Kat? — indaga a mais nova, deixando a Black nervosa.
— Ele não é um homem feio — a jovem negra tenta manter o foco na trança, enquanto a mais nova parecia tentar algo.
— Então você teria um namorado igual a ele?
— Eu prefiro um cara da minha idade, e o seu tio deve ter quase trinta anos.
— Você tem quantos anos? — indaga a menina arrancando um suspiro de Kat.
— Eu vou fazer dezenove em breve — Ela termina a trança — Agora vamos para a primeira atividade.
— O meu tio tem vinte e oito e está solteiro.
— Que bom para ele então — as duas deixam o quarto.
Kat fica por perto, enquanto Stella participa da atividade. Ela observa Atlas do outro lado, a professora fala algo, então ele se aproxima da sobrinha para participar da atividade. As crianças estavam colhendo alguns legumes, enquanto aprendiam sobre o plantio e os benefícios daqueles alimentos. Esses mesmos legumes seriam usados no almoço, que também seria parte das atividades.— A minha filha está ansiosa para conhecer os animais.
— A Stella também — ela sorri ainda olhando para as crianças.
— Você é mãe de uma delas? — indaga a mulher.
— Eu sou babá da Stella Miller. A mãe dela precisou trabalhar, então eu acabei sendo uma das voluntárias junto com o tio dela.
— Acho que eu conheço a mãe dela. Ela é uma mulher jovem de cabelo preto e olhos azuis? Me lembro de vê-la ej outros passeios.
— A senhorita Miller é assim como você descreveu. O senhor Miller não costuma aparecer muito em público, normalmente a mãe da Stella é quem participa dessas atividades.
— Esse senhor Miller é um homem muito bonito, a beleza dessa família é de tirar o fôlego.
— Acho que sim — ela sorri um pouco sem graça com o rumo da conversa.
— Você também é uma mulher muito bonita. O meu nome é Mary — Ela estende a mão para Kat — Qual é o seu nome?
— O meu nome é Katherine, mas pode me chamar de Kat — ela aperta a mão da mulher.
— Espero te conhecer melhor durante o passeio.
— Quem sabe, né? — Ela olha para o lado, e seu olhar se encontra com o de Atlas — Eu vou ali perguntar se a Stella precisa de algo.
— Então eu te vejo na hora do almoço, Kat — ela apenas assenti e se aproxima do local aonde as crianças estavam.







