Capítulo três

— Você parece um pouco triste hoje, Kat.

Era difícil esconder seus sentimentos, ela estava realmente muito triste. Kat gostava da sua antiga rotina, então para ela era triste viver trancada naquela casa. Após um mês naquela casa, Atlas sequer tinha permitido que ela fosse ao jardim. Os únicos momentos que ela conseguia sair da casa, eram quando ela levava Stella até o carro, e quando a menina queria brincar no jardim aos finais de semana.

— Eu só estou sentindo falta da minha casa.

— Você vai voltar quando terminar de ser minha babá.

Stella não sabia sobre o que realmente estava acontecendo. Ela era apenas uma criança, que acreditava nas histórias que lhe contavam. Para ela, Kat estava ali por vontade própria, e ficaria até o final de seu contrato de trabalho. Essa era a história inventada por Atlas, pouco antes da Black conhecer a menina em seu quarto. 

— Eu vou pedir para Lily trazer o seu café da tarde. 

— Uma pena que amanhã eu tenho aula. 

— Os finais de semana não são eternos, Ella. 

— Eu vou levar a minha filha para comer fora, então não precisa pedir a refeição dela. 

— Tudo bem, senhorita Saiph — ela caminha até a porta. 

— Pode ir ao jardim tomar um pouco de sol. Meu irmão só volta amanhã, e eu sei que você não sai muito. 

— Obrigada — Kat sorri feliz com a oportunidade de finalmente sair por mais tempo. 

O jardim da mansão era enorme, então ela nunca teve a oportunidade de explorar o lugar. Na primeira parte ela encontra um banco, estátuas de pedra e um chafariz. O gramado era bem cuidado, alguns caminhos feitos com uma pedra clara, flores e árvores de vários tipos. Passarinhos viviam livres por ali, as vezes alguns esquilos surgiam nas árvores. 

Kat caminha até encontrar um pequeno jardim secreto, nele tinha uma estufa com espécies de plantas diferentes, e na parte externa algumas flores de diversas cores. Ela se senta em um banco de madeira, aquele lugar era tranquilo e silencioso. Parecia ter sido tirado de um filme, era incrível passar um tempo ali, apenas deixando as preocupações de lado. 

— Aqui ao menos eu não me sinto tão presa. Esse homem acha que eu sou um robô? Eu preciso sair de casa, frequentar a faculdade, ir para academia e sair com as minhas amigas.

— As minhas unhas estão horríveis — Ela levanta as mãos na altura dos olhos — Negar um esmalte já é tortura demais. 

A jovem se deita no banco e olha para o alto, o topo das árvores deixava o céu escondido. Kat fecha os olhos e acaba pegando no sono sem perceber, a lua surge no céu sem que ela desperte. Fazia um tempo desde sua última noite bem dormida, ela sempre perdia horas de sono, pensando sobre a dívida de seu pai. Ela tinha passado a última noite chorando, não aguentava mais viver trancada naquela casa, longe de sua cama e seus amigos. Kat parecia uma jovem fútil, mas na realidade, ela era una jovem sensível que usava uma máscara para  não sofrer — Somente o seu travesseiro conhecia a verdadeira Kat — ela não deixeria que alguém conhecesse suas fraquezas. 

... 

— Ela está em alguma parte da propriedade, senhor. 

— Então encontrem a Katherine antes do amanhecer. 

— Sim senhor — diz o chefe da segurança antes de instruir os demais. 

Atlas caminha pelo jardim, ele conhecia aquele lugar como a palma de sua mão. Aquele lugar foi inspirado em sua mãe, com todas as flores que ela gostava. Ele caminha durante algum tempo, o jardim secreto ficava na parte mais escondida, então ela poderia ter se escondido ali. O moreno se aproxima com cautela, ele estava furioso com a suposta fuga da Black. 

O dia ainda estava clareando, mas uma silhueta era visível em um dos bancos. Ela estava em um sono profundo, parecia bastante desconfortável naquele banco, mas isso não a impediu de adormecer ali. Atlas se aproxima em silêncio, ele a observa durante longos segundos. Katherine era uma jovem bonita, isso ele não tinha como negar. A  garota se move o fazendo sair de seus devaneios, mas ela logo volta a dormir tranquilamente. 

— Katherine — ele diz num tom autoritário. 

— Droga — ela resmunga esquanto se levanta ainda atordoada. 

— Você saiu de casa sem a minha permissão? 

— A senhorita Saiph permitiu a minha saída na parte da tarde. 

— Estamos na manhã do dia seguinte, Katherine. 

— Me desculpe — ela diz ainda  tentando entender o que estava acontecendo. 

Ela não imaginava que estava tão cansada, mas tantas horas de sono diziam outra coisa. Agora o sol estava surgindo, e Atlas não parecia nada contente com aquilo. Kat o encara diretamente nos olhos, ela não queria voltar a se rebaixar, mesmo que ele fosse um homem perigoso. Ela não tinha feito nada de errado, acabar pegando no sono era algo que qualquer um estava sujeito. 

— Me siga até o seu quarto — ele caminha sem dizer mais uma palavra sequer. 

O silêncio deixava a situação ainda pior, provocando um sentimento de ansiedade em Kat. Atlas não demonstrava o que estava pensando, ele apenas caminhava na frente dela, com passos firmes mantendo um silêncio sepulcral. Ele abre a porta do quarto da jovem, e espera que ela entre primeiro. Ele fecha a porta atrás de si, a Black o olha com medo, ela não sabia o que ele faria dali em diante. 

— Você vai ficar nesse quarto o dia inteiro. Não quero que saia para nada, nem mesmo para cuidar da Stella. 

— Quem vai cuidar da menina? — indaga Kat. 

— Não se preocupe com isso agora. Apenas fique aqui como forma de punição — Ele caminha até a porta — Você só vai comer na hora do jantar. 

— Por favor, não me deixe aqui nesse quarto. 

— A Lily vai trazer o seu jantar no horário de sempre. Você só vai sair amanhã — ele tranca a porta com a chave ao sair. 

— Não me deixa trancada, por favor — ela b**e na porta com força.

— Eu não quero ficar nessa casa. Não me importo com a droga da comida, só quero voltar para casa — a jovem negra  se senta atrás da porta, e deixa as lágrimas molharem seu rosto, em meio aos gritos de raiva e ao desabafo. 

... 

— Eu deixei a Kat sair um pouco, Atlas. Ela não merece ser castigada. 

— Regras são regras, irmã — ele se serve de uma taça de vinho. 

— Você não acha que está exagerando? Ela só pegou no sono enquanto explorava o jardim. 

— Ela não veio para essa casa como hóspede. A Katherine está pagando a dívida do pai, um traidor que achou que me enganaria.

— Ela é só uma jovem inocente no meio dessa situação. 

— Eu não vou mudar de ideia, Saiph. A Katherine vai ficar no quarto até segunda ordem. 

Saiph conhecia muito bem o irmão, no passado ele não era daquele jeito, mas depois de uma grande tragédia ele mudou. Desde então ele se fechou, só era amável com ela e Stella, mas com os outros ele continuava frio. A morena segue até o quarto da filha, a menina estava desenhando. Stella era a única coisa boa daquela época de sua vida, aonde ela foi enganada e traída. Talvez o amor não fosse para os irmãos Miller, parecia até mesmo uma maldição. 

— Quando a Kat vai voltar, mamãe? — indaga a garotinha. 

— Amanhã tudo volta ao normal, minha linda. 

— Ela é tão legal e bonita — A menina mostra um desenho para a mãe — Fiz um desenho de vocês três comigo. 

— A Kat é essa mulher ao lado do seu tio? 

— Eles seriam um casal bonito, não é? 

— A Kat não é a namorada do seu tio, Ella. 

— Eu queria que ela fosse minha tia. Seria legal ganhar primos e uma tia. 

— Você já está imaginando os filhos deles? 

— Alguém nessa casa precisa fazer isso por eles — ela da de ombros. 

— Não deixa o seu tio saber disso — ela enche a filha de beijos. 

Kat desperta no chão do quarto. Ela tinha adormecido após passar um bom tempo chorando. Sua cabeça estava doendo e seu estômago roncava, ela estava se sentindo doente. Ainda não estava na hora do jantar, e dormir já não era mais uma opção, então ela ficaria com fome e dor de cabeça. A Black entra no banheiro e toma um longo banho, ao menos isso Atlas não lhe tirou. Ela veste um roupão e enrola uma toalha no cabelo, seus olhos ainda estavam inchados. 

— Repus a sua água e troquei seu lençol de cama — Lily estava saindo do quarto quando ela saiu do banho. 

— Eu não aguento mais esse castigo, Lily. 

— Só restam duas horas para o final do castigo. Tente se hidratar e ficar deitada até a hora do jantar. 

— Eu odeio esse homem — ela desaba e é surpreendida por braços a envolvendo. 

— Eu vou tentar te ajudar — ela diz antes de soltar a Black. 

— Quando essa maldita dívida vai acabar? 

— Talvez em alguns anos ou meses. O senhor Atlas é quem decide isso. 

— Não sei se vou suportar viver nessa casa por muito tempo. 

— Tente seguir todas as regras. Sei que as coisas vão melhorar com o tempo. 

— Espero que ele não me castigue com coisas piores. 

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