Mundo de ficçãoIniciar sessão— Está tudo tranquilo aqui, você pode ir se quiser — diz a professora e ela assenti.
— Eu já volto — a jovem negra caminha em direção ao interior do hotel.
A Black pega uma cópia da chave na recepção, ela entra no elevador com os pensamentos distantes, até que alguém impede a porta de fechar. Atlas também estava indo até os quartos, ele não estava por perto quando Stella pediu o favor. Ela apenas desvia o olhar e se concentra nos números subindo, até que o elevador para bruscamente.
— O que aconteceu? — indaga Kat apertando o botão.
— O elevador teve algum problema, então sugiro que pare de apertar isso — ele afasta a mão dela e aperta o botão de emergência.
— Vai demorar muito? Eu tenho medo de lugares fechados.
— Não temos como saber — Ele se senta no chão — O meu celular está sem bateria, eu estava indo justamente pegar o carregador.
— Espero que alguém encontre a gente aqui — ela se senta na outra ponta do elevador.
Ambos ficam em silêncio, Kat não tinha coragem de puxar assunto, ele não era a melhor pessoa para se ter uma conversa. A Black fecha os olhos e tenta se concentrar em outras coisas, ela não queria pensar no elevador, só de pensar naquele lugar fechado um sentimento de desespero a dominava. Ela sente o corpo esquentar, era um calor fora do normal, em meio a uma sensação de sufocamento, ela precisava sair dali o mais rápido possível.
— Você está bem? — indaga Atlas tentando entender o que estava acontecendo com ela.
— Eu tenho medo de lugares fechados — Ela começa a abrir os botões da camisa — Ficar aqui durante cinco minutos tudo bem, mas ficar trancada sem ter ideia de quando vamos sair, é no mínimo tortura.
— Você precisa se acalmar e parar de tirar a roupa — ele diz quando ela tira a camisa desesperada.
— Eu estou sufocando e com muito calor.
— Então olha para mim — Ele segura as mãos dela — Alguém vai resgatar a gente.
— Estão demorando muito — ela solta as mãos dele e se levanta.
— Existe o risco de você acabar desmaiando? Eu não vou ficar preso com você assim.
— Quanta sensibilidade — ela começa a tirar a camiseta que estava por baixo da camisa.
— Você não pretende ficar nua, não é?
— Talvez sim — ela responde irritada enquanto deixa a camiseta no chão.
— O que eu fiz para merecer isso? — ele vira de costas e apoia as mãos na cabeça.
— Você fala como se fosse tão ruim assim — Ela começa a se abanar com as mãos — Eu estou sofrendo bem mais que você.
— Ao menos você não tem que lidar com a visão de uma pessoa nua.
— Eu estou de calça e sutiã. Não é como se eu fosse horrorosa.
— Ainda seria melhor a companhia de outra pessoa.
— Se você continuar falando, eu vou tirar o resto da roupa.
— E eu vou te colocar de castigo quando chegarmos em casa.
— Eu te odeio — ela bufa e volta a se sentar no chão.
— Se concentre no ódio, talvez te ajude um pouco nessa situação.
...
— Eu quero sair daqui — Kat começa a bater desesperadamente na porta do elevador.
— Se acalme, Katherine — ele a puxa pela cintura.
— Já tem uma hora que estamos aqui — a jovem se debate nos braços de Atlas.
— Olha para mim agora — ele a vira de frente para ele.
— Eu não consigo ficar mais um segundo sequer aqui.
— Você vai acabar se machucando socando a porta desse jeito.
— E você realmente se importa? — ela o encara ainda com a respiração irregular e o corpo trêmulo.
— Não — Ele diz de forma ríspida — Eu só não quero chamar atenção.
— Pode me soltar — ela diz um pouco mais calma.
— Já estamos abrindo a porta — eles escutam uma voz do outro lado.
— Finalmente — diz a jovem negra num longo suspiro.
— Está tudo bem com vocês? — indaga um dos responsáveis pelo hotel.
— Eu só preciso beber água e me deitar um pouco.
— Vocês demoraram muito tempo para fazer algo — diz Atlas após a resposta de Kat.
— Sinto muito por isso, senhor Miller.
— Espero que sinta mesmo — ele segue até as escadas.
— Já vamos concertar o elevador, não vai demorar muito.
— Prefiro subir pela escada dessa vez — ele diz sem virar na direção do homem.
— Acho que eu também vou subir pela escada dessa vez. Fiquei um pouco traumatizada com o elevador — a Black agradece ao receber um garrafa de água.
— Essa situação não vai se repetir, senhorita Black.
Kat troca de roupa e se deita, ela estava quase adormecendo quando reparou em algo — Todos viram ela se sutiã — ela tinha vestido a camiseta automaticamente, e sequer tinha notado que estava sem. Ela sente suas bochechas queimarem, mas já era tarde demais para pensar em algo. A Black acaba adormecendo, ela só desperta quando Stella volta para o quarto.
— Vamos descer para jantar? — indaga a mais nova.
— Primeiro você precisa de um banho e uma roupa limpa.
Ela ajuda a menina a tomar banho e escolher uma roupa. Stella tinha passado o dia inteiro nas atividades, então ela provavelmente não tinha ficado sabendo do incidente. As duas descem para o jantar, todos estavam reunidos para a refeição. Kat olha para Atlas, ele estava concentrado em seu prato de comida, enquanto conversava com a sobrinha.
A refeição acaba se tornando um momento tranquilo. Kat sobe para o quarto com Stella após a refeição. A Black penteia o cabelo da menina antes de se deitarem, ela conta animada sobre as atividades, enquanto a mais velha a arrumava para dormir. Atlas tinha retornado meia hora depois, Kat não imaginava que ele tinha passado o resto da tarde com a sobrinha, mas a menina estava realmente feliz com isso.
— Boa noite, querida — ela beija a testa da menina e a cobre.
— Boa noite, Kat — ela fecha os olhos e vira para o outro lado.
— Amanhã vamos acordar cedo e voltar para casa.
— Eu queria ficar mais tempo aqui — diz Stella com uma voz sonolenta.
— Acho que ficamos mais tempo do que me falaram — Ela sorri — Você vai voltar em outra oportunidade.
...
— A minha mãe já voltou da viagem? — indaga Stella sentada no banco de trás do carro.
— Ela vai chegar hoje, querida — Atlas estava concentrado enquanto dirigia.
Todos tinham sido deixados na escola, aonde pegaram seus carros para retornar para casa, e os pais que não foram voluntários buscaram os filhos. Kat estava quieta durante o percurso, ela só queria chegar na mansão e evitar contanto com Atlas. Eles não tinham se falado desde o episódio do elevador, então ela queria manter o silêncio.
— Ajude a Stella e depois vá para o seu quarto.
— Vamos jantar juntos hoje, tio? — indaga a mais nova.
— Os três, como sempre fazemos — ele beija a testa da menina.
Kat sobe para o quarto com a menina. Elas desfazem as malas e lavam as mãos para almoçar. Lily leva o almoço para ambas no quarto de Stella. Ainda faltava muito para o jantar, então Kat leva a menina para brincar no jardim. Elas entram na casa apenas no horário do lanche, quando a mãe de Stella finalmente retorna da viagem. A Black fica no quarto o resto da tarde, ela aproveita para tentar não pensar na situação do elevador. Ficar semi nua na frente de Atlas tinha sido constrangedor, ela agora não conseguia olhar para ele sem lembrar.
— Eu não acredito que vocês ficaram presos no elevador.
— Foi tão constrangedor, Lily. Ainda bem que ele não falou mais nada.
— É normal entrar em pânico nessas horas.
— Eu nunca mais vou entrar em um elevador.
— Você vai esquecer essa história com o tempo.
— Pelo menos eu não ganhei outro castigo.
— O senhor Atlas não é tão ruim assim.
— Eu nunca sei o que esperar dele, Lily.
— Amanhã a senhorita Saiph vai sair com a filha, então você vai ficar no quarto.
— Nenhuma novidade — ela da de ombros e se j**a na cama.
A Black acaba dormindo cedo, então na manhã seguinte, ela se levanta com o nascer do sol. Kat veste uma roupa confortável e escova os dentes, seu cabelo estava especialmente bonito naquela manhã. Ela senta ao lado da janela e fica olhando o jardim, enquanto escolhia um livro para ler. Saiph tinha permito que Lily deixasse livros no quarto dela, assim Kat poderia ocupar a mente com algo.
— O senhor Miller permitiu que você fosse ao jardim.
— Sério? — ela abraça a empregada, animada com a ideia de sair do quarto.
— Você pode ficar lá fora até a hora do almoço.
— Então eu vou aproveitar — a jovem pega uma casaco e sai sem pensar duas vezes.
— Eu vou te chamar quando o almoço estiver pronto.
— Obrigada — ela acena para Lily antes de descer as escadas.
Kat sai no jardim e caminha sentindo o sol acariciar sua pele, ir ao jardim era o único momento que ela se sentia livre, desde que foi levada para a mansão. Ela se senta em um dos bancos e observa a paisagem, estava um pouco frio, mas o sol se fazia presente tornando o clima agradável.







