(Narrado por Eduardo)
Cheguei no escritório com o humor no nível mais baixo possível. Minha camisa branca — a que eu separei especialmente para a reunião com os novos clientes da incorporadora — estava manchada de café, bem no peito. Uma mancha escura, nada discreta. Um estrago. E tudo por causa daquela mulher. Aquela vizinha nova, atrevida, petulante e irritantemente bonita.
Sim, eu notei. Mesmo com a caixa enorme atrapalhando a visão, mesmo com o café quente pingando na minha pele, eu reparei nela. Mas isso só piorava a minha raiva.
Gabriel estava na sala de reunião, revisando as plantas na tela e organizando os croquis impressos. Quando me viu entrar, ergueu as sobrancelhas com aquela cara de quem ia fazer piada.
— Que cara é essa? E o que aconteceu com a sua camisa?
Joguei a pasta sobre a mesa com mais força do que devia.
— Aconteceu que uma maluca apareceu no meu caminho hoje de manhã, me acertou com uma caneca de café fervendo e ainda saiu me culpando.
— Opa — ele respondeu, te