Narrado por Mariana
O táxi me deixou na porta de casa. Nem esperei o motorista sair — apenas paguei, murmurei um "obrigada" sem olhar e fechei a porta com pressa, como se o mundo lá fora fosse capaz de me esmagar.
A chave tremia na minha mão. Cada giro na fechadura parecia gritar comigo: “É isso. Você está sozinha.” Quando entrei, o silêncio me abraçou como um cobertor úmido. Nenhuma música, nenhuma luz acesa, nenhum sinal de vida além da minha respiração descompassada.
Me joguei no sofá como se o estofado fosse me salvar de mim mesma. Mas o couro era frio, duro. E pela primeira vez em muito tempo... não havia mais ninguém para culpar.
O celular estava mudo. Sem notificações, sem ligações perdidas. Nenhuma mensagem.
Eu me tornei o que eu mais temia. Uma mulher vazia de si. Com uma barriga cheia de um futuro que me apavorava.
Como foi que eu me perdi?
Eu, Mariana, a que sempre tinha uma resposta pronta, um salto alto impecável, uma maquiagem afiada como navalha... agora estava ali, com