O quarto da pousada exalava aquele perfume barato de flores artificiais. Mariana entrou primeiro, arrastando os saltos pelo piso de madeira lustrado, os olhos ainda carregados de indignação. Daniel a seguia, mais calmo, com as mãos nos bolsos e o olhar afiado, analisando cada detalhe dela como um predador que não precisa correr — apenas esperar o momento certo.
— Bonito lugar, pra quem acabou de ser chutado — ela ironizou, jogando a bolsa sobre a poltrona e desabotoando o casaco leve que usava.
Daniel deu um sorriso torto e fechou a porta atrás de si com um clique seco.
— Tudo é bonito quando a companhia compensa — murmurou, sem tirar os olhos dela.
Mariana girou o rosto com lentidão calculada, os cabelos lisos caindo como seda pelos ombros. Ela o observou por alguns segundos, como se estivesse decidindo se confiaria nele ou não. Mas havia algo no olhar de Daniel — aquele azul translúcido quase cruel — que fazia seu sangue ferver.
— Está me bajulando, Daniel? — disse ela, tirando os b