Não é só o calor do verão que faz meu corpo suar naqueles dias. É o olhar dele. O olhar do Daniel que pesa sobre mim como uma sombra que não consigo evitar.
Ele está mais presente, mas não de um jeito bom.
É um olhar que diz muito sem precisar de palavras — uma mistura de posse, desdém e uma vontade disfarçada de me provocar. E, por mais que eu tente ignorar, aquela sensação rasteja na pele e me deixa inquieta.
No começo, eu achei que era paranoia minha. Que estava exagerando, vendo o que não existia. Afinal, Clara está tão apaixonada... E eu me recuso a ser aquela que estraga as coisas. Mas as pequenas coisas começaram a me atingir.
Um comentário mais ácido disfarçado de brincadeira, um sorriso forçado quando passo perto, uma palavra com duplo sentido deixada no ar. Tudo isso constrói uma parede invisível entre eu e a tranquilidade que eu queria encontrar aqui.
E pior: eu sinto que ele não vai parar por vontade própria.
É como se estivesse tentando me cercar, me dominar, me esma