O despertador tocou quando o céu ainda era uma mancha azul-escura do lado de fora da janela. Poucas horas de sono, nenhum café no estômago, e lá estávamos nós, arrastando malas pelo saguão do aeroporto antes mesmo das primeiras lojas abrirem.
Keven, como sempre, não ajudava com seu mau humor matinal.
— Sério, por que eu precisava vir junto nessa parte? — ele reclamava, jogando a mochila por cima de um ombro. — A gente podia ter pego um ônibus noturno direto pro inferno que era mais rápido.
— O destino é um lugar belo e cercado de paisagens espetaculares não um lugar quente com pessoas gritando desperadamente para sair dali — respondi com a voz rouca, mais preocupada em achar o check-in do que discutir. — E sim, você precisava vir.
Despachamos as malas, passamos pela segurança e, como o voo ainda ia demorar, nos enfiamos no lounge. O ambiente era quase vazio, silencioso e com poltronas que pareciam mais camas. Eu só queria cochilar até o embarque.
Mas Keven parecia ter outros planos.
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