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Capítulo 2 – O Sorteado

...uma semana depois...

Estou parada no meio da minha sala, braços cruzados, sem par e — pior — sem férias.

“Como é que todos os caras que conheço estão comprometidos, desinteressados ou simplesmente indisponíveis?”

O voo é em poucos dias. Eu precisava marcar um encontro até amanhã. Tentei tudo: amigos, desconhecidos na rua, até me rendi a aplicativos de namoro. Nenhum resultado. Nem um match decente.

Comecei a andar de um lado para o outro, estressada demais até para apreciar a vista panorâmica da minha janela de vidro. A pergunta rodava em looping mental: o que fazer, o que fazer, o que fazer...?

Meus olhos passearam pelo ambiente, na esperança boba de encontrar algo que resolvesse minha vida. Foi então que o vi: um livro. Estava lá, parado na prateleira, coberto de poeira e desinteresse. Alguém tinha me dado de presente há meses, provavelmente como piada.

A capa era preta, sem título. Apenas algumas linhas brancas contornavam formas que não diziam nada. Peguei o livro, retirei o plástico e me joguei no sofá.

Na primeira página, uma frase:

“Procure onde acredita que não pode achar.”

Franzi a testa. Ok... intrigante. A página seguinte me oferecia a primeira dica prática:

“Procure por ele em uma boate.”

Boate? Fiquei encarando a palavra como se ela fosse uma equação de física quântica. Claro que entendi, mas minha mente se recusava a aceitar a ideia. Procurar alguém para um casamento sofisticado numa boate? E ainda por cima... sexual?

Fechei o livro por um instante e respirei fundo. Existem outros lugares, eu disse a mim mesma. Delirante ou não, decidi tentar mais algumas páginas.

Li “praça”, “parque”, “padaria”, “lojas” — todos lugares que eu já havia vasculhado em busca de um pretendente em potencial. O que encontrei? Homens casados ou que não estavam nem aí para romances temporários.

Foi quando Bob, meu gato, roçou o corpo na minha perna. Ele subiu no sofá justo quando virei a página para uma que estava escrita em um idioma quase ininteligível. Uma língua que eu só conseguia reconhecer vagamente por causa dos cursos que fiz no ano anterior.

As poucas frases, ainda assim, foram diretas:

“Vá ao local da primeira página deste livro.”

Eu li a instrução em voz alta três vezes.

Bob estendeu a pata e encostou na página como se me incentivasse. Fechei o livro com um suspiro e comecei a acariciar sua cabeça.

Acho que não vai dar certo, né, Bob? Que pena. — sussurrei. Ele se virou, deitou de costas e me ofereceu a barriga.

Sem acompanhante, sem férias grátis. — suspirei, aceitando a derrota enquanto Bob pulava de volta para o chão.

E foi então que ouvi:

Você pode me ouvir?

Virei a cabeça para a janela da sala. Nada.

Oi, moço?

Dessa vez a voz era clara. Uma figura emergiu da penumbra, bem ali na janela. Meus olhos se arregalaram e soltei um grito — breve, agudo, ridículo. Porque aquela pessoa era, sem exageros, a definição viva da sedução.

Tentei falar, mas nada saiu. Minha garganta travou como se ele tivesse roubado minha voz.

Calma, não é um assalto. Sou apenas o entregador.

Assenti freneticamente. Com um aceno de mão, ele devolveu minha voz. Pigarreei só por garantia, depois fui direto até a porta.

Bob, o traidor, parecia completamente à vontade com o estranho. Nem um miado de alerta.

Então... onde eu assino?— perguntei, gaguejando.

E você é...?

Ele suspirou antes de responder:

Keven.

Apertei os lábios. Keven. Esse nome despertava alguma coisa na minha memória...

Keven? Espera... você não é o dançarino da boate Splash Sexy?

As palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse detê-las. E aí, um estalo. A página do livro. A boate. Era ele.

Ele se virou, prestes a sair. Entrei em modo emergência.

Agarrei seu braço. Ou o que achei ser seu braço — firme, musculoso, quente. Um arrepio percorreu meu corpo. Eu só conseguia enxergar o uniforme azul que cobria seu corpo e os olhos... dourados como mel.

O que foi? — perguntou, me encarando.

Seja meu par no casamento da minha amiga.

Ele parou, tirou minha mão com delicadeza e riu, meio surpreso, meio intrigado.

Moço... isso é sério?

Totalmente sério. Eu realmente preciso desse encontro. Por favor... farei qualquer coisa em troca."

Sim, soou desesperado. Porque era.

Ele hesitou. Estava prestes a ir embora. Meu coração disparava.

Até que ele disse:

Me encontre na boate. Às nove.

Estendi a mão em agradecimento, mas ele já virava as costas, caminhando de volta para o carro de entregas.

Na curva da rua, desapareceu.

Fiquei parada por um momento. Um sorriso começou a surgir. Isso... isso era um passo na direção certa.

Voltei para o sofá, tentando me distrair, sem sucesso.

Você poderia ao menos se transformar num humano... — murmurei para Bob, que pulou sobre mim com a confiança de quem sabe que domina a casa.

Se você fosse um ser humano, eu te levaria.

Ele se espreguiçou em minhas mãos. Eu me afundei no sofá e, pela primeira vez em dias, deixei a tensão escapar com um suspiro.

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