Mais de uma hora depois, o carro parou diante de um novo hotel. Antes que Antônio abrisse a porta, Natália saiu rapidamente, ajeitando o vestido e certificando-se de que os óculos estavam bem ajustados. Precisava parecer firme, mesmo com o coração descompassado.
Carlos desceu em seguida, calmo, elegante, ajeitando o paletó com a tranquilidade de quem dominava a situação. Aproximou-se lentamente, os olhos cravados nela.
— Aceita jantar comigo esta noite? — perguntou num tom suave, quase um convite irrecusável.
Natália ergueu o queixo e respondeu sem olhar diretamente para ele:
— Não, obrigada. Estou com dor de cabeça. Vou jantar no quarto.
— Como quiser. — respondeu, sem demonstrar decepção. Apenas um leve levantar de sobrancelha.
Ele se virou e entrou no saguão. Ficaram em andares diferentes naquela noite, e a distância entre os dois pareceu, ao mesmo tempo, alívio e vazio.
No quarto, Natália trancou a porta com firmeza, certificando-se duas vezes. Tirou a peruca, os óculos e a maqu