POV Amara
O som dos saltos ecoou pelo corredor estreito do meu prédio, cada batida como uma provocação anunciada. Não precisei abrir a porta para saber quem era. O perfume doce demais, enjoativo, já denunciava a presença dela. Beatriz.
A batida seca na porta veio certeira, e antes mesmo que eu pudesse pensar em não abrir, Sabrina, de braços cruzados, já bufava:
— Tenho certeza que é ela. — Sussurrou para mim, os olhos semicerrados como de uma gata prestes a atacar. — Vai, abre. Quero ver o show.
Com um suspiro pesado, girei a maçaneta. E lá estava Beatriz: impecável, maquiagem no lugar, vestido caro colado ao corpo e um sorriso que transbordava falsidade.
— Amara! — Ela ergueu os braços, fingindo surpresa, como se essa visita fosse uma gentileza inesperada. — Espero que não seja um mau momento.
Minha garganta secou. — O que você quer, Beatriz?
Ela entrou sem ser convidada, o perfume forte inundando o espaço simples do meu apartamento. Seus saltos estalaram pelo piso até o meio da sala