Os dias tinham perdido a cor.
Helen caminhava como quem não queria ser vista, como se o mundo ao redor fosse feito de vidro rachado, qualquer passo em falso, e tudo se estilhaçaria. O tempo nublado da cidade costeira onde havia se refugiado parecia ter se sincronizado com o que havia dentro dela. Era como se o universo soubesse: ela não suportava mais ver o sol.
Chegou à cidade sem avisar ninguém. Alugou um quarto pequeno nos fundos de uma pousada discreta, onde o silêncio era um velho companheiro. Só o som das ondas ao longe e os rangidos da madeira velha do piso a acompanhavam. Não havia chamadas, não havia respostas. O celular estava desligado desde o táxi da fuga, quando as lágrimas não paravam de cair e a respiração doía no peito.
Ela não sabia para onde estava indo, só sabia que precisava sair dali. Longe de Ethan. Longe daquela imagem que a assombrava desde a noite anterior.
Ethan na cama, nu com Miranda deitada em seus braços.
Ela queria gritar que era mentira, mas a dor era