Capítulo 54

POV Bennet

Aquela dor, que não tem nome, que ultrapassa qualquer definição médica, nos consome por inteiro.

Choramos como família. Como quem entende que o tempo agora é uma contagem regressiva.

Até que batem à porta. Enfermeiros vêm me buscar para os exames.

Minha mãe segura minha mão com força, como se pudesse impedir que o tempo me levasse.

Meu pai apenas fecha os olhos e sussurra uma prece em um idioma antigo.

Sou levado em silêncio. O corredor parece estreito demais. O som das rodas da maca ecoa como um relógio, tic-tac, tic-tac... cada segundo, um passo mais perto do fim.

Ressonância. Tomografia. Luzes fortes.

O barulho incessante da máquina martela meu crânio como um tambor de guerra. Meus olhos doem, minha cabeça pulsa. O mundo inteiro vira um borrão.

Peço algo para a dor. A enfermeira sai. Volta com o oncologista.

— Vai sentir alívio rápido — ele diz. E aplica a morfina com a habilidade de quem sabe o que está por vir.

E então, no meio do torpor, penso nela.

Kali.

Seu toque. S
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