Com vinte e nove semanas de gestação, uma sensação de medo e impotência me tomou.
– Eu estou com medo.
Foi a primeira coisa que eu disse naquela manhã. Estava deitada de lado, com as mãos sobre a barriga já bem arredondada. Niyati tinha chutado forte durante a noite, e eu mal dormi. Quando Kabir acordou, eu já estava ali, acordada, encarando o teto. Ele se virou pra mim, os olhos ainda inchados de sono, mas atento.
– Medo de quê? – ele perguntou.
– De tudo. Do parto. De não dar conta. De você... se arrepender. – confessei.
– Eu não vou a lugar nenhum. – ele respondeu de imediato, como se a possibilidade sequer fizesse sentido – Kali, você tem noção de quantas vezes eu quis fugir e fiquei? Não porque tinha obrigação, mas porque era você?
Fiquei em silêncio, absorvendo aquelas palavras.
– Eu não quero que você fique por pena.
– Pena? – ele riu, descrente. Depois se aproximou e apoiou a testa na minha – Eu fico porque quero. Porque, mesmo quando você me irrita, mesmo quando não sei o que