Brooke Brown tem a vida que muitos sonham: excelentes notas, uma família ideal, um noivo deslumbrante, e uma fachada de perfeição. No entanto, quando Connor, um velho amigo de seu pai reaparece em sua vida, uma parte sombria de Brooke desperta. Trazendo a tona desejos obscuros. Incapaz de romper seu noivado, ela assiste impotente enquanto sua irmã mais velha e Connor se apaixonam e assumem um relacionamento. Determinada a tê-lo para si, Brooke está pronta para destruir qualquer coisa que se interponha em seu caminho, inclusive seu relacionamento com sua irmã mais velha.
Ler mais— Não me olha assim — murmurei, sustentando seu olhar. Olhos verdes como as árvores, ou como a grama. Olhos verdes com bordas na cor castanho.
— Assim como? — questionou ele, com um sorriso ladino. Um sorriso que já dizia tudo. Eu não precisava dar continuidade na frase pois nós dois sabíamos o que aquele olhar significava.
— Como se quisesse foder comigo — falei, em tom alto e claro. Sem medo dele, ou medo de alguém ouvir.
— Ah — ele riu, como se estivesse zombando de mim. — É porque eu realmente quero — seus dedos estavam enrolando nos cachos de meus cabelos. E eu estava quase sem ar, quase com meu coração parando de bater, quase me entregando a ele.
— Eu odeio você! — murmurei, lembrando do dia em que nos conhecemos. Estava tudo esquematizado. Nossos olhares se encontraram, tudo deu exatamente certo. Se tivéssemos conseguido fugir da multidão naquele dia, teríamos nos pegado muito. Mas não deu.
Então continuamos fingindo, continuamos nos provocando. Continuamos com os olhares e brigas superficiais.
— Odeia tanto que quer transar comigo — ele disse de volta, sua respiração estava perto demais. Seu sorriso sarcástico e ladino estava perto demais, seus olhos verdes e castanhos e profundos estavam pertos demais. E eu não conseguia manter minha respiração em um ritmo adequado ou ao menos convincente.
Olhei para os lados, com medo de alguém ouvir nossa conversar. Com medo de alguém perceber o que realmente somos e o que realmente queremos. Tive medo de a verdade ser descoberta, medo dela me odiar para sempre, pois eu a amo demais para sentir seu ódio eterno.
— Era para você ter me conhecido primeiro... — sussurrei.
— E eu conheci — ele respondeu, me alcançando o copo de bebida. Realmente, ele me conheceu primeiro. E a faísca surgiu assim que nos olhamos, nós dois pensamos na mesma coisa. Nós dois pensamos.
— Mas ficou com ela — eu murmurei, esboçando um sorriso triste. Talvez fosse o álcool, ou a amargura. Talvez fosse a porra do meu noivado desmoronando. Talvez fosse inveja pois eu o queria muito, mais do que ela.
Eu o queria tanto, e eu podia tê-lo. Pois a atenção dele foi roubada no momento em que seus olhos estavam em mim. Nós dois sabíamos que, nós dois queríamos a mesma coisa. Se eu não estivesse noiva, com certeza agora seria eu no lugar dela.
— Você está noiva, o que queria que eu fizesse? — fez a pergunta, dando de ombros. Como se a culpa de toda essa bagunça não fosse dele também. Como se ele fosse apenas a vítima da história.
Olha o que está me fazendo fazer, está fazendo com que eu seja uma m*****a vagabunda. Estou cobiçando o namorado da minha irmã, estou tendo fetiches e imaginando ele em cima de mim enquanto meu noivo me come, enquanto eu tento não gritar o nome do outro dentro das quatro paredes daquele quarto. Quando tudo o que penso é tentar ao menos sussurrar o nome do meu noivo, enquanto estou desejando outra pessoa. Meu cunhado.
Maldito senso de humor igual ao meu, maldito corpo perfeito, maldito sorriso arrogante e sarcástico, malditos pensamentos iguais e, maldito olhar. Estava tudo indo bem, nós estávamos bem até ele aparecer. Com toda essa marra e essa confiança, e foi por isso que me apaixonei. A confiança dele, a porra da confiança que diz "eu tenho qualquer vadia na minha cama a hora que eu quiser" e porra... Como eu queria ser essa vadia.
Mesmo que ele tenha quase vinte anos a mais do que eu, mesmo que ele esteja namorando minha irmã. Mesmo que ele tenha quase a idade do meu pai, mesmo que eu esteja noiva.
Mesmo que ele tenha esse maldito sorriso que deixa qualquer mulher rendida. E eu tenho que engolir seus olhares, tenho que fingir não ligar quando ele encosta em mim na frente dela. Mas ele mente tão bem, ele coloca a mão na minha perna e ele ri, e fica me elogiando e dizendo o quão perfeita que eu sou.
Uma vez ela disse "se acha ela tão perfeita, termina comigo e fica com ela então". Porra, eu senti meu coração parar de bater por alguns segundos. Mas eu realmente estava concordando. Não, não vale a pena perder minha irmã por causa dele. Mas como eu queria que ele não tivesse escolhido ela, como eu queria que ele tivesse apenas se afastado então tudo isso iria passar. Era apenas um flerte inocente, uma paixão passageira e, um tesão temporário.
— Nada, nada que você fizesse iria mudar isso — eu disse as palavras, eu fui forte para dizê-las. Meu noivado está por um fio e eu ainda estou tentando mantê-lo, estou tentando ser a noiva perfeita. Mas há mais pessoas em jogo. Minha relação com minha irmã está em jogo, não posso colocar tudo a perder.
— Está mentindo! Posso ver em seus olhos essa merda de mentira. Pode falar a verdade, Brooke... — ele se aproximou, roçando os lábios em meu ouvido. — Não tem ninguém olhando.
Ah, porra, eu sei disso! E como eu sei. Sei que ela prefere dar atenção a outros caras do que a ele. E também sei que meu noivo é tão merda que não consegue nem me acompanhar em qualquer coisa que eu faça. Sim, hoje é meu aniversário de vinte anos e ele não está aqui. Bom, ele prometeu que estaria, mas quando liguei em seu celular deu caixa postal. Quando enviei mensagens pelo whats, ele recebeu todas e não respondeu nenhuma. Me pergunto o que ele está fazendo agora e, conhecendo-o bem, está esperando acabar "só mais essa partida" para vir ao meu encontro.
Para vir a essa merda de festa porque foi ele mesmo quem pagou metade dela. Não havia como Chris esquecer disso, não havia. E não, eu não acho que algo tenha acontecido com ele. Pois eu o o conheço bem.
— Eu já disse o quanto eu odeio você? — sussurrei, engolindo em seco. Sentindo ele tão perto, e minha respiração tão ofegante. Sentindo o calor em meu rosto e, principalmente o calor entre minhas pernas. Isso é verdade, eu odeio Connor, odeio ele com todas minhas forças. Odeio ele por ter começado a namorar com minh
a irmã enquanto eu estava gamada nele.
**BROOKE** O dia transcorre sem grandes incidentes, mas a tensão no ar é quase palpável. Desde que Connor voltou à clínica depois de suas férias de 15 dias. Sinto seu olhar pesado em cada corredor, cada reunião, cada mínimo movimento meu. Ele tenta disfarçar, mas falha miseravelmente. Eu já deveria estar acostumada com sua instabilidade emocional, mas hoje ele parece especialmente inquieto. Talvez tenha algo a ver com Kyle. Não que eu tenha feito algo de propósito, mas também não me esforcei para evitar. Kyle sempre foi gentil, e nossas conversas fluem naturalmente. Ele tem um jeito charmoso e atencioso, o tipo de homem que sabe ouvir. E hoje, no almoço, não foi diferente. Estávamos sentados juntos no refeitório da clínica, rindo de algo trivial, quando senti. Aquele olhar. Ergui a cabeça e lá estava ele. Connor permanecia parado a poucos metros de distância, segurando a bandeja com os dedos crispados, a mandíbula travada. Seu olhar não apenas queimava sobre mim, mas ta
O som dos talheres na cozinha me irrita. Blanca está lá, arrumando a louça com um barulho desnecessário, como se quisesse me provocar. Eu sei que ela está incomodada, mas fingir que nada estava errado é a única coisa que ainda me mantém calmo. Depois que Brooke me descartou, minha rotina se tornou trabalho e casa. Nós não vamos mais na casa dos pais de Blanca, não saímos mais. Quando chego do trabalho fico sentado aqui nesse sofá, depois tomo um banho e vou dormir. Às vezes janto, às vezes não. Sei que estou frio e distante, mas não consigo fazer nada para mudar isso. Não consigo mais ter paciência com nada, nem com Blanca e nem com sua filha. Então ignoro ambos, fico no meu canto isolado, tentando não causar brigas. — Você vai ficar nesse sofá o dia todo? — a voz dela cortou o silêncio, carregada de sarcasmo. Eu fechei os olhos por um segundo antes de responder. — Não sabia que isso te incomodava tanto — murmurei, sem tirar os olhos do celular. — Claro que incomoda, Connor.
Enquanto eu mexia distraidamente no copo vazio à minha frente, ouvi passos rápidos atrás de mim. Antes que pudesse me virar, a voz de Flávia cortou o barulho do ambiente. — Brooke, espera. Levantei os olhos e vi Flávia parada ao meu lado, com uma expressão que eu não esperava. Parecia... genuína. — Olha, eu fui dura demais. — Ela suspirou, jogando o cabelo para trás com uma mão nervosa. — Não tinha o direito de jogar tudo isso em você assim. Fiquei em silêncio por um momento, surpresa com a mudança de tom. — Não era mentira, Flávia. Eu fui horrível com você. Ela inclinou a cabeça, como se ponderasse minhas palavras. — Talvez tenha sido. Mas, se eu estou sendo honesta, acho que parte de mim ainda guarda mágoas que não resolvi. Não é justo descontar isso agora. Dei um leve sorriso, um sorriso verdadeiro dessa vez. — Acho que também não é justo fingir que eu não fui uma megera. Se eu pudesse voltar atrás... — Você não pode, Brooke. — Flávia interrompeu, mas sua voz era mais
**BROOKE** Eu senti a vitória em meus lábios, mas foi uma vitória amarga. Beijá-lo era o que eu queria desde o momento em que me deixei cair nesse jogo perigoso com Connor. Mas, enquanto nossos lábios se encontravam, percebi algo terrível: não era suficiente. Nada que ele pudesse fazer ou dizer apagaria o fato de que, antes de mim, ele escolheu Blanca. Escolheu o caminho mais fácil. E eu? Fiquei em segundo plano. Sempre em segundo plano. Caminhei sem rumo pelas ruas após sair dali, sentindo o frio cortar minha pele. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se o peso de toda a minha dor estivesse ancorado em mim. Eu não sou uma mulher que aceita migalhas. Não sou a mulher que espera ser escolhida.Mas por que, então, me sinto tão vazia? O beijo que dei em Connor deveria ter sido meu triunfo final, minha maneira de dizer a ele que posso tê-lo, mas que não quero mais. No entanto, enquanto minha mente tenta racionalizar isso, meu coração protesta. Meu coração grita que e
— E o que você quer de mim? Quer que eu termine com Blanca e diga a ela que estou comendo a irmã mais nova dela? — meu tom sarcástico a fez revirar os olhos. — Não era para nada disso ter acontecido, Brooke. Era pra ter sido você desde o início — murmurei, tentando amenizar a situação.— Você nem se deu ao trabalho de esperar por mim! Em menos de semanas já estava dormindo com Blanca. Então não venha pagar de santo agora, querido.Dei uma risada amarga, nós sempre discutimos pelos mesmos motivos. Sempre acabamos entrando nessa merda de assunto.— Paixão, você precisa entender que se assumirmos um relacionamento... seria um escândalo. E eu só não fiquei com você antes porque nunca imaginei que você se interessaria por mim, Brooke! você é nova, inteligente e perfeita. Eu já vivi a vida o suficiente para saber que garotas como você não acabam com caras como eu no final.— Estou pouco me fodendo para a sua idade, Connor. Ou com sua maldita experiência de vida. A pergunta é... você quer te
— Fica, por favor — falei com uma voz manhosa, vendo Connor vestir sua roupa. Eu não quero que ele vá embora, não quero que ele volte para ela. — Você sabe que eu não posso ficar, não hoje. — Ele depositou um beijo demorado em meus lábios, cobrindo meu corpo com o edredom. — Até a próxima, Brooke — disse, saindo pela porta do meu quarto. — Você já conhece a saída, Connor — murmurei, em tom baixo. Não tendo certeza se ele ouviu. Quando escutei a porta da frente se fechar, senti o peso e a culpa me esmagando. Eu não posso continuar com isso, estou me enterrando viva assim. É uma tortura para nós três, mesmo que Blanca não saiba exatamente do que está acontecendo. Enrolei meu corpo no edredom, ficando em posição fetal. Senti vontade de chorar, de gritar que eu fodi com tudo. Mas eu apenas observei as luzes entrando pela janela, o dia clareando rapidamente. Preciso reagir, mudar os planos, as rotas, mudar tudo o que há para mudar. Ficar aqui nessa casa me fazendo de vítima não vai mu
Último capítulo