O silêncio antes da implosão.
LEONARDO CASSANI
A manhã começou com um sol frio atravessando os vidros da Cassani’s Security.
O reflexo nas paredes de mármore me lembrava o que aquela empresa havia se tornado: uma joia suja de sangue e vaidade.
E era hora de começar a limpar.
O andar executivo estava mais barulhento do que o normal.
Passos apressados, risadas disfarçadas, o som das xícaras nas bandejas.
Por trás de cada bom-dia, havia medo.
E eu sentia esse medo como um perfume que pairava no ar.
Norman chegou pouco antes das nove, o cabelo solto, a postura impecável.
Cumprimentou cada um com educação — até mesmo os que ela sabia que desejavam vê-la cair.
Ela é assim: firme, educada, mas nunca submissa.
Às vezes esqueço que ela foi feita exatamente pra me desarmar.
Eu observava tudo pelas câmeras internas do painel.
Cada expressão, cada microgesto.
Melissa chegou de vestido preto, os ombros tensos.
Henrique, de terno cinza, olhos fundos — o tipo de homem que tenta parecer inabalável e