MERLYA
O abraço entre mim e Miguel nos tirou do abismo da culpa e da mágoa, mas a dor pelo que Lua estava enfrentando ainda pairava sobre a sala de espera. Alex se aproximou, colocando uma mão consoladora no ombro de Miguel. Pela primeira vez, os dois homens da minha vida se olhavam com respeito mútuo e uma causa comum.
Luiz, meu irmão médico, retornou, com a expressão mais suave, mas ainda carregada de seriedade.
— A cirurgia foi agendada para amanhã de manhã. Eles vão descomprimir a vértebra L2 e estabilizar a coluna. A cirurgia é o menor dos nossos problemas agora.
Ele fez uma pausa, olhando diretamente para mim.
— Temos novas informações. O trauma medular é classificado como uma lesão incompleta, o que é uma boa notícia. Mas ela tem algo que chamamos de paraplegia flácida temporária.
Minha mãe soluçou. Meu pai empalideceu.
— O que isso significa, Luiz? — perguntou meu pai, quase em um sussurro.
— Significa que os exames iniciais mostram uma perda temporária da função motora e sens