MERLYA
O silêncio na sala de espera do Hospital Santa Maria era pontuado apenas pelos bipes distantes e pelos soluços contidos de minha mãe. Alex estava ao meu lado, sua mão firme nas minhas costas, uma âncora em meio à tempestade familiar. A tensão com Natália e a verdade que eu havia revelado pareciam ter acontecido em outra vida. Agora, só existia a espera por Lua.
Foi então que a porta de acesso ao bloco cirúrgico se abriu, e Luiz, meu irmão mais velho, apareceu. Ele era médico no hospital e estava de jaleco, mas seus olhos mostravam cansaço e preocupação, tirando qualquer vestígio de profissionalismo frio.
Meus pais correram até ele.
— E então, filho? Como ela está? — meu pai perguntou, a voz rouca.
Luiz respirou fundo, tentando manter a calma profissional.
— Ela está estável, mas o quadro é delicado. A batida foi feia. Muitas fraturas no braço e na perna esquerda. O mais preocupante é a coluna.
Ele passou a mão pelo cabelo, os olhos encontrando os meus e os de Miguel.
— Ela tem