O celular ainda vibrava em minha mão quando a ligação caiu.
— Quem era? — perguntou Helena, sentada ao meu lado, cruzando os braços como se tivesse feito algo natural.
— Era ela — murmurei, com o maxilar travado. O coração ainda acelerado pelo susto de ouvir a respiração de Aurora do outro lado, aquele silêncio que dizia mais do que mil palavras.
— Ela quem? — Helena ergueu as sobrancelhas, provocando.
— Aurora. — O nome escapou firme, quase como uma acusação.
Vi o desconforto imediato em seu rosto, mas não me importei. Respirei fundo, tentando conter o ímpeto de dizer o que realmente sentia.
— E por que você atendeu o meu telefone, Helena? — perguntei, a voz mais baixa que o normal, carregada de raiva contida. — Não se atende telefone dos outros.
— Estava tocando, pensei que fosse importante.
— Importante para mim, não para você! — O tom saiu mais duro do que pretendia, mas não recuei. — Você estragou a única chance que eu tinha de ouvir a voz dela de verdade. — Pensei, sem c