Os primeiros dias sem Ana foram mais longos do que imaginei. O silêncio no rancho parecia maior, como se até os animais percebessem sua ausência. O projeto avançava, sim, mas cada passo era mais pesado. Os funcionários me testavam de forma velada — olhares de dúvida, cochichos que cessavam quando eu entrava, comentários jogados ao vento.
Mesmo assim, resisti. Sempre havia uma pequena vitória em meio à exaustão: um funcionário mais velho me chamou de “patroa” pela primeira vez sem ironia, outro, que nunca me dirigia a palavra, veio perguntar minha opinião sobre a plantação. Coisas pequenas, mas que me davam fôlego.
À noite, porém, o peso caía sobre mim. Caminhei pelo rancho sob a luz da lua, o ar frio trazendo um pouco de clareza. Olhei para as estrelas e me perguntei se alguém, em algum outro lugar, também se sentia tão só.
Em Nova York, a vida seguia como um relógio caro: cada reunião cronometrada, cada jantar calculado. Naquela manhã, sentei-me em uma mesa de vidro com homens engrav