Georgia sempre foi amorosa e inocente. Mas ao ceder sempre, teve sua vida transformada num inferno e a destruição de seu amor a transformando em uma criatura vingativa e perversa. Agora, por obra de algum milagre ou castigo, voltou pra onde tudo começou. Será que conseguiria salvar seu amor, sua honra e sua família das armadilhas que destruíram sua vida? Nessa aventura através do tempo, mostraria aos seus inimigos que não era tão tola quanto pensavam...
Ler maisGio estava confortavelmente sentada em sua varanda olhando para o discreto jardim a sua frente. Ao seu lado, o chá tão caprichosamente servido por sua criada estava frio, esquecido. Como ela se sentia. O sol estava se pondo e com ele seu bom humor, que oscilava o dia inteiro. Tinha plena consciência do quanto estava instável, mas pouco se importava. Pro inferno com todas as boas intenções... agora seus inimigos riam dela, e ela estava sozinha, morta por dentro e com ódio do mundo.
- Dália! - gritou o nome da criada pessoal. Logo a moça apareceu de cabeça baixa e mãos trêmulas. Tinha medo de sua senhora. Gio preferia assim, melhor do que pena que via no olhar das pessoas depois da primeira briga com o marido. Todos sabiam como ele era. Todos a enganaram. Ainda hoje, depois de dez anos, ainda podia sentir o gosto de sangue na boca. Balançou a cabeça para fazer as lembranças sumirem e encarou a jovem - Peça a Rosi que me faça um caldo pra o jantar, estou sem apetite e quero dormir cedo...e chame Tyson, quero ir para a biblioteca. - ordenou e voltou para seu mundo mental solitário. Dália fez uma pequena reverência e desapareceu. Em poucos minutos Tyson apareceu, ele era seu primo e morava junto com ela no campo. Depois que sua família sofrera o golpe e seus pais faleceram, só sobraram os dois, sozinhos e quebrados por dentro. O primo era alto e forte, sua pele antes clara e delicada, agora estava bronzeada e grossa devido ao trabalho e no rosto que fora belo, trazia uma cicatriz de queimadura em todo o lado esquerdo. Não fosse por ela, os dois não estariam condenados a serem esquecidos e torturados. Respirou fundo para afastar as lágrimas e esticou os braços. - Estou achando que você emagreceu demais, prima - ele a pegou com delicadeza nos braços e entrou na casa. - Sinto falta da comida de Suzana...quando ela volta? - perguntou disfarçando, mesmo que traída por muitos, ainda tinham pessoas a sua volta que se preocupavam com ela, seu primo e a esposa, que agora estava na corte como dama de companhia de uma nobre esnobe que conhecia muito bem, Júlia Andina, uma de suas inimigas. Tyson não quis acompanhar a esposa por causa de sua aparência, então uma vez a cada dois meses Júlia vinha passar alguns dias com eles, seria na semana seguinte. - Acredito que em dois dias ela chega, preparei uma surpresa pra ela - ele se animou acomodando Gio na cadeira atrás da enorme mesa de madeira. - Pode me dizer o que é? - Gio ficou curiosa, era difícil ver Tyson animado assim. - Claro, vou buscar, você pode me ajudar a embrulhar, não levou jeito pra essas coisas - e saiu da biblioteca apressado. Gio começou a organizar a mesa. Estava com alguns livros, cartas, documentos...precisava de espaço. Naquela noite queria ler seu diário e algumas cartas de Stephen. Era a única coisa que podia fazer para manter a sanidade e esperar a morte, se agarrar as boas lembranças. O fato de Tyson a carregar se devia a última briga com o marido dois anos antes, quando engravidou após um dos abusos do marido e ao descobrir, a agrediu tanto que causou um aborto instantâneo. Gio ficou em posição fetal para se proteger e levou tantos chutes nas pernas que quebraram. Como demorou a receber ajuda, os ossos se curaram errado e ficou com as pernas fracas e deformadas, não conseguia mais andar. Uma coisa foi boa em tudo aquilo, com nojo da deformidade, Dylan não encostou mais nela e nem apareceu mais no campo, isso foi um alívio para todos. Em contrapartida, as dores que sentia eram excruciantes, levando-a a ter febres e delírios sempre. Tyson voltou com um espelho de mão lindo, entalhado em madeira nobre e delicada - Primo! Suzana vai amar! - disse emocionada, completamente encantada estendendo a mão para pegar a preciosidade. - Na verdade esse é seu, depois que tudo aconteceu naquele dia no navio, esqueci de entregar pra você e encontrei nas caixas de louça do galpão do seu enxoval com Stephen, tem uma carta. - ele estendeu um pergaminho meio amarelado com o selo da família Stanton - O que vou dar a Suzana é isto - e mostrou um grampo de cabelo delicado com pérolas encrustado. - Stephen te deu isso naquele dia?- Gio já não prestava mais atenção em nada. - Sim - Tyson suspirou - Ele me chamou na cabine dele quando disseram que seríamos abordados pela guarda e me mandou te entregar quando chegássemos em terra, mas não pude...Dylan apareceu e... - Chega!- Gio ergueu a mão - Não me diga mais nada, saia- sua mão estava trêmula quando pegou o espelho e a carta, seu coração batia descompassado e a respiração acelerou. - Não acho uma boa ideia te deixar sozinha...olha como você está - Tyson disse preocupado com a palidez no rosto da prima. Gio o encarou, os olhos azuis semicerrados de raiva. - Aqui está as últimas palavras de Stephen pra mim depois de dez anos...quero privacidade - por fim apontou para a porta e gritou - Me deixe sozinha! Tyson deu um passo pra trás indeciso, por fim saiu. Gio abriu o pergaminho com todo o cuidado, e nas primeiras palavras que leu, as lágrimas que achou que não tinha mi começaram cair. "Minha princesa Se está lendo está carta é porque as coisas complicaram um pouco. Mas quero que fique tranquila e me espere, vou te buscar onde estiver. Enquanto me espera quero que lembre de cada beijo, cada conversa e promessas que fizemos um ao outro. Você é e sempre será a única mulher que amo e amarei para sempre. Sei que é forte, você é minha mulher, minha. Te amo. Stephen Stanton " Gio se olhou no espelho e não se reconheceu. Sabia o porquê do presente. Sempre que estavam em seus aposentos, Stephen sempre penteava seus cabelos e apontava para o espelho dizendo que aquela era a mulher de sua vida, arrancando risadas dela e logo iam pra cama. A dor da perda era tão grande que Gio soltou um grito arrepiante de dor e sofrimento. Tyson abriu a porta da biblioteca com um estrondo a tempo de ver sua prima desfalecer e cair da cadeira para o chão.Gio aceitou a mão de Stephen com um sorriso doce. Ele retribuiu e começaram a rodopiar entre os casais em perfeita harmonia. - Milady...pretendo conversar com seu pai ainda está noite - ele começou encarando-a sério - Mas antes gostaria de saber se a senhorita aceitaria minha corte. Gio ficou encantada. - Nada me daria mais prazer milorde - respondeu. - Irá nos acompanhar no piquenique amanhã?-ele quis saber descontraído. - Não perderia por nada - confirmou. Stephen estava satisfeito. Nunca imaginaria que no meio de uma missão encontraria uma jóia como Giorgia. A ideia de voltar a Inglaterra nunca passou pela sua cabeça, mas precisavam ajudar a coroa a dar fim aos ataques piratas. Mas começaria a sua caça ao Falcão Negro depois, agora pretendia enlaçar aquela jovem e misteriosa mulher que lhe provocava vários tipos de sentimentos. Gio dançou várias músicas com Stephen, Tyson e até arrendatários de seu pai. Deitada na sua cama algumas horas depois, não pode deixar de pensar
Quando estavam a uma distância segura, Gio parou. Fechou os olhos e começou a respirar fundo para voltar a raciocinar.- Se sente melhor? - Sarah perguntou soltando-a - pensei que fosse desmaiar.- Eu também - Gio deu um sorriso fraco - obrigada pela ajuda. Como se chama?- Sarah - ela respondem hesitar - Quer que eu chame alguém milady?- Não! Já vai passar . . . eu estava dançando e acho que me empolguei - fingiu estar envergonhada.- Eu preciso ir . . . ficará bem?- Sarah olhou para trás, um homem as observava a distância.- Sarah - Gio respirou fundo para tomar coragem - Eu posso te ajudar - disse séria, endireitando o corpo.- Achei que era a senhorita que precisava de ajuda - ela ironizou virando-se para ir embora.Gio não podia deixar que a mulher desaparece.- Eu sei onde está sua filha - disse sem pensar.Sarah se virou.- Do que está falando?- Cecília não é?- Gio se lembrou do nome. Sem esperar pelo ataque, Gio soltou um grito quando a mulher avançou e segurou sua garganta
Gio sentou-se entre Tyson e a mãe. Diana preferiu explorar a festa com as garotas e Suzana se aproximou com duas criadas para servir o vinho e refrescos. Como esperava, Tyson não tirou os olhos da moça. Gio riu baixinho feliz.No mesmo instante, Thiago e Adelina começaram a cumprimentar os Stanton, seus pais, quando chegou sua vez, abriu um sorriso inocente e contagiante.- Parabéns ao casal! Estou muito feliz com a benção de vocês! - segurou as mãos de uma surpresa Adeline, Thiago a olhava confuso.- Do que está falando,minha filha? - Elisa encarou a filha.- Ohh!- colocou as mãos na boca como se tivesse dito algo errado, então olhou para Adelina como um pedido de desculpas - Era surpresa senhora?- Do que está falando milady?- Adelina estava um tanto constrangida.- Do seu bebê! Me desculpa estragar a surpresa mas adoro crianças e não via a hora de parabenizar vocês!- Gio ergueu seu copo de refresco.Adeline ficou pálida, Thiago olhou para a esposa.- É verdade minha querida?Agora
O grande dia havia chegado. Todos estavam ansiosos pelo evento mais comemorado da região. Gio praticamente não conseguira ficar mais a sós com Stephen, sua mãe fez questão de não sair do seu lado para garantir o repouso junto com Lady Charlotte mãe de Stephen. Como seu plano para o baile estava pronto, não se importou com a atenção exagerada da família. Tyson conheceria Suzana naquela noite, sentia falta da amiga!Seu pé estava ótimo e naquele momento, ela e Diana terminavam de se arrumar em seu quarto.- Como estou?- Diana rodopiou pelo quarto com seu vestido novo, o tom verde realçava os cabelos castanhos e a pele bronzeada, Diana era uma jovem bonita e vibrante. Gio entristeceu-se ao lembrar quando ela se foi, cheia de sonhos e desafios! Levantou da banqueta resoluta. Desta vez não permitiria que ninguém se ferisse!- Está linda Diana! Essa cor é perfeita pra você - elogiou sincera - E eu? Acha que lorde Stephen vai resistir?- gracejou empinando os seios para que o decote descess
Gio sentia seu corpo em chamas. Perdeu a noção do tempo matando a saudade de cada parte dele.- E se Tyson chegar...- ele gemeu baixinho separando os lábios.- Mas eu não quero parar - protestou ela enchendo o rosto dele de beijos - Não sei o que fez comigo mas não quero ficar longe de você - gracejou não tentando parecer uma devassa sem cérebro. Era difícil se controlar depois de tudo, mas para ele, haviam se conhecido a poucas horas, precisava se controlar Stephen riu com vontade e, devagar, a sentou do seu lado.- Também não sei o que está acontecendo mas acho melhor ir com calma...ou sairei daqui num caixão - ele brincou tentando acalmar a respiração, passando a mão nos cabelos negros que ela desarrumou.Mais controlada, Gio tentou se arrumar o máximo que pôde mas achou o fato do vestido estar arruinado engraçado. Não conseguirá salva-lo no final.- Me desculpe...acho que a queda me deixou um pouco abalada - pediu um pouco constrangida - não queria parecer sem modos mas...desde q
A mente de Gio não parava de pensar enquanto seguia com seu cavalo um pouco atrás do primo e de Stephen. Os dois conversavam alegremente sobre plantações e das viagens de Stephen. Gio sabia tudo de cor! Estava ansiosa com tudo aquilo, sem entender o porquê ou por quanto tempo estaria naquela ilusão ou realidade milagrosa. O que deveria fazer?- Está muito calada, prima... sente-se bem?- Tyson pareou a montaria com a dela - quer fazer uma parada?Gio mordeu o lábio tentando lembrar em uma fração de segundo como foi aquele passeio e se devia ou não fazer as mesmas coisas.- Podemos parar no Rio? Acho que estou apenas com um pouco de calor - sorriu. Enquanto os cavalos descansavam poderia ganhar tempo para decidir o que fazer.- Claro, é bem a frente - Tyson olhou para Stephen - Marie mandou algumas frutas, podemos descansar um pouco.Em concordância os três seguiram. Gio se lembrava que naquele dia estava realmente tão encantada com Stephen que quase não conversou e, no final do passeio
Último capítulo