Capítulo 76 p2

Alejandro Albeniz

A água quente escorria pelos meus ombros quando fechei os olhos e respirei fundo. Tinha poeira em todo lugar — no cabelo, nas unhas, até dentro do ouvido. Era como se o aterro sanitário tivesse deixado uma marca na minha pele. Uma que eu não conseguia tirar. Mas não importava. O que eu tinha feito não era sujo. Era necessário.

Mercês era uma doença disfarçada de luxo, e eu tinha acabado de me curar.

Saí do chuveiro com o corpo renovado e o espírito em paz. Com a toalha na cintura, dei uma última olhada no meu reflexo no espelho. O rosto estava sereno. Nem um traço de dúvida. Nem um arrependimento. Só um cansaço leve e uma ansiedade familiar queimando no estômago.

Eu sabia por quê.

Ximena.

Peguei o celular e abri o aplicativo de mensagem. Escrevi uma única mensagem:

“Estou indo.”

Ela respondeu em segundos.

“Estou te esperando.”

Sorri.

Vesti uma calça jeans escura, camisa polo azul, perfume só no pescoço e punhos. Nada muito arrumado, mas o suficiente para mostrar que
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