Alejandro Albeniz
A água quente escorria pelos meus ombros quando fechei os olhos e respirei fundo. Tinha poeira em todo lugar — no cabelo, nas unhas, até dentro do ouvido. Era como se o aterro sanitário tivesse deixado uma marca na minha pele. Uma que eu não conseguia tirar. Mas não importava. O que eu tinha feito não era sujo. Era necessário.
Mercês era uma doença disfarçada de luxo, e eu tinha acabado de me curar.
Saí do chuveiro com o corpo renovado e o espírito em paz. Com a toalha na cintura, dei uma última olhada no meu reflexo no espelho. O rosto estava sereno. Nem um traço de dúvida. Nem um arrependimento. Só um cansaço leve e uma ansiedade familiar queimando no estômago.
Eu sabia por quê.
Ximena.
Peguei o celular e abri o aplicativo de mensagem. Escrevi uma única mensagem:
“Estou indo.”
Ela respondeu em segundos.
“Estou te esperando.”
Sorri.
Vesti uma calça jeans escura, camisa polo azul, perfume só no pescoço e punhos. Nada muito arrumado, mas o suficiente para mostrar que