16. Estilhaços de realidade
O olhar trocado com Sabrina, em meio ao caos fumegante da zona portuária, fora para Leonardo como um ferro em brasa em sua alma. A imagem dela, pálida e trêmula ao volante, testemunha involuntária da violência que era seu pão de cada dia, não o abandonava. Ele desaparecera com seus homens na escuridão, mas uma parte dele ficara para trás, presa naquele instante de mútua realização e terror. A prioridade absoluta, mais urgente do que reportar-se a Tulio ou ao Don, era tirá-la dali.
Com a astúcia de um predador urbano, ele despistou sua própria equipe num ponto de dispersão combinado e, usando os becos e vielas que conhecia como a palma da mão, circulou de volta, o coração martelando contra as costelas, não pela adrenalina do combate recente, mas pelo medo cru que sentia por ela. Encontrou o carro de Sabrina ainda parado onde a deixara, o motor ligado, as mãos dela agarradas ao volante com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.
Ele se aproximou pela lateral, batendo levemente