Depois do almoço, Bruno foi buscar o carro. Luísa e Mariana ficaram esperando na porta do restaurante.

Mariana olhava para a ponta dos sapatos quando, de repente, Luísa falou:

— Você sabe que o Bruno só casou com você por birra, né?

Mariana levantou o olhar e, hesitante, assentiu.

Naquele instante, a doçura que Luísa mostrava na frente de Bruno sumiu completamente, dando lugar a um ar arrogante:

— E você sabe que ele brigou feio com a família por minha causa? Disse que, se não fosse eu, não se casaria com mais ninguém.

Mariana continuou apenas assentindo, sem demonstrar nenhuma reação.

Quanto mais calma Mariana parecia, mais incomodada Luísa ficava.

Quando foi embora do país, Luísa só queria que Bruno fosse atrás dela. Nunca imaginou que, tão rápido, ele se casaria com outra, e justo com uma muda! Aquilo era difícil de engolir.

Por dentro, Luísa estava furiosa. Pensava que aquela garota muda parecia mesmo meio lerda, e que Bruno nunca teria interesse nela.

Ela ainda pensava em como tirar Bruno de Mariana quando uma dor aguda tomou conta de sua barriga. O rosto de Luísa ficou pálido na hora, e ela caiu de joelhos, sem conseguir se levantar.

Mariana se assustou e, apavorada, segurou Luísa, tentando perguntar com gestos e sons se estava tudo bem.

— Sai daí! O que você fez com ela?!

Nesse momento, uma mão forte puxou Mariana para o lado, jogando ela para longe.

A cabeça de Mariana bateu com força em um objeto pesado, e logo o sangue começou a escorrer pela testa. Com dor, ela olhou para o lado e viu Bruno segurando Luísa nos braços, preocupado, perguntando onde estava doendo.

Luísa choramingou, dizendo que era dor na barriga. Sem hesitar, Bruno a pegou no colo e levou correndo até o carro, indo embora sem olhar para trás.

Mariana ficou ali, segurando a cabeça ensanguentada, olhando, atônita, para a direção por onde o carro desapareceu. Não conseguia acreditar que tinha sido descartada como se fosse lixo.

Na mente dela, a imagem do Bruno ansioso passava sem parar. Era a primeira vez que via aquele homem, sempre tão frio e distante, demonstrar preocupação.

Ela se levantou, riu de si mesma, sem emitir som algum, e chamou um táxi para o hospital.

Por sorte, o médico disse que o ferimento não era grave, só precisava descansar alguns dias. Mariana ficou aliviada.

Ao sair do pronto-socorro, deu de cara com Bruno, que estava pegando remédio para Luísa.

Bruno lançou um olhar rápido para o curativo com gaze na testa de Mariana e franziu levemente a testa.

Ele disse:

— O médico falou que a Luísa tá com gastroenterite aguda. Não tem nada a ver com você.

Mariana forçou um sorriso.

É claro que não tinha nada a ver com ela... Então é isso? Bruno achava que ela estava com ciúmes da Luísa e seria capaz de fazer mal a ela?

Mariana tentou se explicar com gestos, querendo mostrar para Bruno que não sentia ciúmes de Luísa. Se sentia alguma coisa, era só uma admiração distante.

Mas Bruno não tinha paciência para decifrar sinais. Respondeu sem interesse:

— Depois eu compro uma bolsa pra você, tá bom? Vamos deixar isso pra lá.

Dizendo isso, ele pegou o remédio e saiu, indo atrás de Luísa, sem demonstrar nenhuma preocupação com Mariana.

Ela ainda quis insistir, foi atrás dele até a porta do quarto do hospital. A porta estava apenas encostada.

Pela fresta, Mariana viu Bruno sentado na beira da cama, enquanto Luísa olhava para ele de um jeito intenso, até que, de repente, se aproximou e o beijou.

Bruno não a afastou.

Só depois de um bom tempo, Luísa se afastou devagar e se sentou, lançando um olhar rápido e quase imperceptível para a porta.

Assustada, Mariana saiu de perto na mesma hora, com medo de ser vista.

Levantou a mão e apertou o peito, tentando aliviar aquela sensação amarga.

Tentou se convencer de que não tinha problema, afinal, já estava decidida a ir embora. Não importava se Bruno e Luísa iam reatar ou não, isso não era mais da conta dela.