Naquele fim de tarde, querendo apenas respirar longe de tudo, Angie decidiu ir até a praça perto do terminal. Era seu lugar seguro, onde costumava ler ou apenas ficar sozinha. Mas dessa vez, havia alguém esperando por ela.
Robert.
Ele estava encostado em uma árvore, com os ombros tensos e um olhar nervoso, como se estivesse esperando por algo ou alguém.
Ela parou no meio da calçada, surpresa, e por um momento pensou em simplesmente voltar. Mas já era tarde demais — ele a havia visto.
— Você de novo? — disse Angie, tentando disfarçar a surpresa, mas não conseguindo esconder a impaciência na voz.
Robert deu um leve sorriso, sem graça.
— Eu sei. Tô ficando repetitivo, né?
— Bastante. — ela respondeu, cruzando os braços. — Não tem como você par
Angie não conseguiu se livrar da sensação de desconforto mesmo após o confronto com Mark. Cada vez que passava pelos corredores do colégio, ela sentia os olhares. Alguns curiosos, outros reprovadores, e alguns até cheios de compaixão disfarçada. Mas nada disso a afetava tanto quanto a forma como Mark continuava a aparecer nos lugares onde ela estava, tentando, de alguma forma, dar a entender que ainda havia algo entre eles.Ela sabia que ele não estava lá apenas para pedir desculpas. Ele queria que ela se sentisse culpada. Queria que ela voltasse, como se nada tivesse acontecido. Mas Angie não ia ceder a isso. Não mais.Era uma sexta-feira, e ela estava saindo do colégio quando viu Robert esperando perto do portão. Ele a viu, sorriu, e deu um leve aceno. Depois de todo o drama com Mark, a presença dele a deixava, de certa forma, mais tranquila. Ao menos ele parecia genuíno. Não estava ali para ganhar nada com ela, mas apenas para tentar construir algo real.— E aí, como foi o dia? — p
Angie olhou para ele, surpresa. Ela sabia que havia algo estranho naquela história, mas nunca imaginou que ele tivesse ido tão longe para resolver aquilo.— Você fez isso por mim? — ela perguntou, surpresa, mas também tocada.Robert deu um sorriso tranquilo.— Eu fiz porque, quando eu te conheci, percebi que não queria mais viver a vida que outros decidiram pra mim. Eu só queria te dar a verdade, e você merece isso.Angie olhou para ele por um momento, pensando. Ela nunca havia esperado algo assim, mas sentiu que, talvez, pudesse começar a acreditar em uma nova possibilidade para o futuro — um futuro onde ela não fosse definida por traidores do passado, mas por escolhas próprias.Ela suspirou e olhou para o horizonte, sentindo que, apesar de tudo, a vida estava dando uma chance para recomeçar.— Obrigada, Robert. Eu... Eu vou tentar acreditar. Em você, em nós.Ele sorriu, sentindo um alívio genuíno.— Eu sei que não é fácil, Angie. Mas vou estar aqui, pacientemente, esperando que você
— Sabe, Angie — disse ele, com aquele tom venenoso que ela conhecia tão bem —, eu sei de uma coisa curiosa. Algo que talvez você queira ver.Robert já endurecia o maxilar, como se soubesse o que viria.Mark tirou o celular do bolso, destravou a tela e virou para ela. A imagem era inconfundível: Robert, anos mais jovem, abraçado a uma mulher de cabelos escuros, sorrindo. Os dois pareciam íntimos, felizes. A legenda no canto inferior da foto dizia: “...Robert e sua noiva.”Angie reconheceu a imagem de imediato. Já tinha visto antes. Já sabia da história.Mas fingiu surpresa por um breve momento, apenas para ver até onde Mark iria.— Você sabia disso? — ele perguntou, baixando o celular lentamente, como quem deposita dinamite na mesa. — Ele já foi noivo. Isso mesmo. Você está confiando em alguém que sabe muito bem esconder partes inteiras da vida dele. Será que contou essa parte também? Ou você descobriu sozinha?Robert respirou fundo, se mantendo em silêncio. O olhar dele era fixo em An
Angie assentiu. E pela primeira vez em muito tempo, deixou-se simplesmente estar. Ali, naquele refúgio de verdades, onde o passado não batia à porta e o futuro ainda não exigia respostas, Angie e Robert encontraram algo raro: Paz. Mesmo que só por uma noite. A manhã estava calma, e o cheiro de café fresco preenchia o ar na pequena casa que Robert e Angie estavam compartilhando naquele momento. O sol começava a se infiltrar pelas cortinas, iluminando os pequenos detalhes do ambiente, criando uma atmosfera tranquila e acolhedora. Robert estava de pé na cozinha, preparando o café da manhã, quando seu celular vibrou na mesa. Ele olhou rapidamente para o número que apareceu na tela, e seu rosto mudou instantaneamente. A expressão tensa e o olhar fixo na tela indicavam que algo estava errado. — É do hospital — ele disse em voz baixa, mais para si mesmo, antes de atender. Angie, que estava sentada à mesa, observou ele de forma atenta, notando a mudança na postura dele. Algo estava pre
O silêncio que se seguiu foi pesado. Júlia não sabia como reagir. Ela estava acostumada a ter a última palavra, mas agora, as coisas eram diferentes.Robert, sentindo a tensão diminuir um pouco, se virou para sua mãe, ainda na cama.— Mãe... — ele disse, com um tom mais suave. — Eu estou aqui agora. Vamos lidar com isso juntos. Eu sei que foi difícil, mas nós vamos superar.Sua mãe olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas, e, pela primeira vez, algo no rosto dela suavizou.— Eu não queria que você me deixasse, Robert... não queria que isso acontecesse.Ele pegou sua mão, com um sorriso pequeno, mas sincero.— Eu estou aqui, mãe. E você não vai me perder.Angie observou o momento com um olhar compreensivo, e deu um passo atrás para dar espaço a Robert e sua mãe. Ela sabia que, agora, o que importava era a cura — para ele, para a mãe dele e, de alguma forma, para todos os envolvidos.Júlia, por sua vez, percebeu que, apesar de seus esforços, não tinha mais controle sobre a vida d
Depois da conversa tensa com sua mãe, Robert se sentou em um canto da sala, tentando processar tudo o que havia acontecido. O conflito entre o que ele queria e as pressões externas estavam esmagando-o. Ele sabia que precisava manter-se firme em sua decisão, mas uma parte dele ainda estava presa ao vínculo com a mãe e à memória de Júlia. Ele não podia negar que a relação deles tinha sido importante, mas, ao mesmo tempo, sabia que precisava cortar os laços para seguir em frente.Angie, que havia permanecido ao lado dele durante todo o momento, notou a expressão de exaustão no rosto de Robert. Ela se aproximou, colocando uma mão em seu ombro.— Robert, você fez a coisa certa. Não precisa se sentir culpado por escolher o que é melhor para você. Ninguém pode viver a vida dos outros, nem sua mãe, nem a Júlia. Você tem que pensar no seu próprio futuro, e isso é o que importa agora.Ele olhou para ela, seu olhar um pouco distante, como se estivesse se distanciando ainda mais do que estava aco
Nos dias seguintes ao encontro tenso no hospital, Robert tentou se isolar um pouco, na esperança de conseguir processar tudo o que havia acontecido. Mas a obsessão de Júlia parecia estar cada vez mais presente. Ela não apenas se aproximava de sua mãe, Evelyn, tentando ganhar seu apoio, mas também começou a aparecer nas redondezas, em lugares onde ele frequentava, em encontros casuais que ele nunca imaginou que seriam tão manipulativos.Um dia, enquanto Robert estava no trabalho, ele recebeu uma mensagem de texto de sua mãe, que estava começando a ficar mais preocupada com o que estava acontecendo entre eles.Mensagem de Evelyn:“Robert, eu conversei com a Júlia. Ela está tão desesperada, e... eu não sei o que fazer. Ela diz que ainda tem esperanças e está realmente sofrendo. Você não pode simplesmente deixá-la assim, meu filho...”Robert apertou o celular nas mãos, a raiva crescendo. Ele sabia que sua mãe, apesar de suas boas intenções, ainda estava sendo manipulada por Júlia
Nos dias seguintes, as coisas se tornaram cada vez mais difíceis para Robert e Angie. Júlia parecia não ter limites. Ela estava presente em todos os lugares que Robert frequentava, mesmo que ele tentasse evitar. Ela começou a aparecer nos restaurantes que ele costumava frequentar com os amigos, enviava presentes para sua mãe, tentando se mostrar arrependida e vítima. E a cada passo que ela dava, o peso sobre Robert e sua relação com Angie só aumentava.Uma tarde, enquanto Robert e Angie estavam tomando café em um pequeno bistrô no centro da cidade, um mensageiro apareceu à porta, entregando uma carta. Robert olhou para a embalagem e logo soube que era de Júlia. Ele hesitou por um momento, mas Angie, percebendo o olhar de Robert, o incentivou a abrir.Com um suspiro profundo, ele rasgou o envelope e retirou a carta. As palavras de Júlia estavam escritas com uma caligrafia perfeita, mas o conteúdo não deixava dúvidas de suas intenções.“Robert,Eu sei que você acha que pode me esquecer,