A alta de Júlia veio dois dias depois, envolta em burocracias, assinaturas e olhares curiosos demais. Mas nada disso importava. Não quando Daniel estava ali, ao lado dela, segurando sua mão como se aquele simples gesto fosse um pacto silencioso contra o mundo.
Quando atravessaram a porta do hospital, o ar do lado de fora pareceu diferente. Mais vivo. Mais real.
— Então… — Júlia disse, respirando fundo — é aqui que tudo começa de verdade.
Daniel sorriu de lado.
— Ou recomeça.
Ele a levou para casa dele. Não por pressa, nem por falta de opção, mas porque foi o que ambos escolheram sem precisar dizer em voz alta. A casa era ampla, mas acolhedora, com janelas grandes e uma luz suave entrando pela sala. Havia livros espalhados, fotos antigas, silêncio. Um silêncio bom.
Júlia caminhou devagar, observando tudo como quem toca um território novo com respeito.
— Tem muito de você aqui — ela comentou.
— E agora vai ter de nós — Daniel respondeu.
Ela virou-se para ele, o coração acelerando.
— Voc