A sirene para. As portas se abrem com um tranco e o barulho do mundo invade a ambulância. Luzes brancas. Gente apressada. Vozerio. Mãos pegando em mim com cuidado, mas sem pausa. Estou sendo puxada para fora da ambulância e colocada em uma maca, os enfermeiros falando entre si com termos técnicos que eu não consigo acompanhar.
— Pressão alta, cento e oitenta por cento e vinte! — diz uma mulher de jaleco.
— Administra captopril, agora! — outro ordena.
Sinto a picada da agulha no braço, o remédio entrando na veia. Tudo começa a ficar mais lento, embaçado. Meu coração ainda quer bater rápido, mas algo no meu corpo começa a pesar. Meus olhos... ficam... tão...
pesados...
— Mas você está bem agora — completa Ayla, apertando de leve minha mão. — Está com a gente, tá segura.
Me viro devagar para olhar Murilo. Ele se aproxima, devagar, como se tivesse medo da minha reação.
— O papai? — pergunto, sentindo meu estômago revirar só de imaginar o reencontro.
— Ele… está cuidando da papelada do h