O silêncio é espesso. Tudo o que escuto é o som abafado dos meus próprios pensamentos, e o zumbido fraco do ventilador girando no teto. Estou sentado no mesmo canto do quarto há horas, desde que ajudei elas a fugir.
Eu respiro fundo contando os segundos. Até que escuto a porta batendo e passos correndo com gritos abafados. Meu coração acelera, mas eu mantenho o olhar fixo na porta, como se ainda fosse só o homem preso, submisso, ignorante. Ele a abre de uma vez.
— CADE ELA?! — Gabriel entra como um furacão, os olhos arregalados, o rosto tomado de suor e fúria.
Eu levanto devagar, como se não tivesse a menor ideia do que ele está falando.
— Do que você tá falando?
— NÃO BRINCA COMIGO, SAMUEL! — Ele se aproxima, me agarra pela camisa. — A JADE, A MAMÃE… SUMIRAM! SUMIRAM! E A CASA TÁ ABERTA! CADÊ ELAS?!
Eu franzo a testa, como se a surpresa estivesse chegando agora.
— Como assim?
— NÃO FODE COM A MINHA CARA! — Ele me joga contra a parede, o impacto me tira o ar por um segundo. — Você e