O riso dela ainda vibra no ar quando abaixo o rosto, pronto para dizer alguma coisa banal, qualquer coisa. Mas algo me prende no meio do gesto. Uma sensação esquisita. Um arrepio que não vem do vento, como se eu estivesse sendo... observado.
Levanto o rosto devagar — e é como levar um soco no peito.
Ela está ali na varanda, a poucos metros acima de mim.
Os cabelos soltos, bagunçados. O roupão meio aberto, deixando à mostra o corpo que, há poucas horas, estava nos meus braços. Os olhos...
Deus. Os olhos dela.
Queimando.
Congelando.
Matando.