Os meses passaram como se o tempo tivesse perdido o rumo. Por fora, a vida parece ter voltado ao normal. Rigel corre pela casa, ri, canta, enche cada canto com sua energia. Mas dentro de mim… ainda existe um buraco. Apolo continua aqui, na minha pele, no meu peito, no silêncio entre uma respiração e outra.
Gabriel nunca mais apareceu. Para Samuel, isso é um alívio. Para mim, é um medo calado. Silêncios longos demais escondem tempestades. Eu sei disso.
Eu tentei seguir em frente, tentei me convencer de que o tempo curaria. Mas no fundo, tudo o que eu mais queria era sentir uma nova vida dentro de mim. Eu não contei a Samuel. Ele pensa que eu continuo tomando os anticoncepcionais, e eu deixo ele acreditar. É o meu segredo. A minha forma de lutar contra o vazio. Mas nada aconteceu até agora. E cada menstruação que chega é como perder de novo.
As noites são as mais cruéis. Samuel deita ao meu lado, me abraça, me beija… mas eu sinto o medo nele. O desejo está lá, nos gestos contidos, mas e