Os oficiais se aproximam de Otávio. O som metálico das algemas ecoa pela sala. Ele se levanta devagar, o queixo erguido, como se a sentença não tivesse o poder de atingi-lo. Mas eu vejo — nos olhos dele — uma raiva silenciosa, fria, calculada.
Quando passa por mim, ele tenta me fitar de cima a baixo, como fazia quando queria me intimidar. Só que, desta vez, não funciona. Não desvio o olhar. Pelo contrário, sustento o dele até o último segundo, até ele ser empurrado para fora por um dos guardas. É estranho… pela primeira vez, o medo não está mais aqui.
A sala começa a esvaziar. Samuel fala algo para Ayla e troca poucas palavras com minha advogada. Eu, sufocada pelo turbilhão de sentimentos, levanto e caminho até o banheiro.
A água fria escorre pelas minhas mãos enquanto tento me acalmar. Respiro fundo, olho meu reflexo no espelho. Ainda estou trêmula. A porta range quando a empurro para sair.
E é aí que dou de cara com ele.
Alto, olhar insolente, aquele tipo de presença que exala peri