Alejandro Albeniz
A mesa diante de mim parecia saída de um sonho ou de um pesadelo muito bem decorado. O tampo de carvalho escuro mal aparecia sob a profusão de pratos impecavelmente dispostos, como se alguém houvesse pintado uma natureza-morta com mãos febris.
Havia tortilhas douradas e fumegantes, croquetes de jamón com a casquinha crocante e umedecida pela fritura recente, pimentões recheados mergulhados em um molho espesso e vermelho, como sangue antigo derramado em silêncio. Na extremidade esquerda, uma travessa de paella borbulhava levemente, como se ainda conservasse o calor de uma raiva mal resolvida, ardendo sob o dourado do arroz.
A mesa era, sem dúvida, um banquete com o melhor da nossa culinária — que tanto enchia meus olhos e despertava antigas memórias — digno de reis ou de condenados. Ou de ambos, pois havia algo ali que evocava glória e punição na mesma medida. Um festim que poderia ser tanto celebração quanto sentença.
Mercês estava sentada à minha frente, elegante co