Martha
Na manhã seguinte, Martha acordou cedo, o peso da conversa com Roger ainda pairando sobre seus pensamentos como uma névoa densa. A noite mal dormida deixara marcas discretas ao redor dos olhos, mas ela disfarçou com leve maquiagem, como sempre fazia. Vestiu seu tailleur cinza perolado, colocou discretos brincos de pérola e, após tomar café, pediu ao motorista que a levasse à mansão de John.
Durante o trajeto, manteve os olhos fixos pela janela, observando os prédios, as pessoas apressadas, o reflexo do sol nas fachadas envidraçadas.
— Chega de enrolação… — murmurou para si, apertando a bolsa de couro sobre o colo. — Vou resolver isso hoje mesmo.
Ao chegarem à guarita, o motorista abaixou o vidro. Um dos seguranças se aproximou. Reconheceu-a de imediato: a postura, o olhar altivo, o tom imperativo. Era impossível não saber quem era.
— Senhora Sinclair… bom dia. — cumprimentou ele, respeitoso, mas com visível desconforto. — Posso ajudá-la?
— Abra o portão. — disse, em tom seco. —