MIRELA
A luz do sol invadiu o quarto com uma gentileza que parecia planejada. Era como se o universo tivesse esperado esse exato momento pra se alinhar e dizer:
“Hoje, sim. Hoje é o dia dela ser feliz.”
Abri os olhos devagar, sentindo meu coração acelerar mesmo antes de me lembrar do motivo. Mas bastou um segundo. O vestido pendurado no cabide ao lado da janela, o cheirinho doce do perfume que deixei separado pra usar só hoje, o silêncio da casa… e ele. O Thiago.
Dormia de bruços, como sempre, com o rosto virado pro lado e os cabelos bagunçados. A respiração lenta, o peito subindo e descendo. Eu não resisti. Estiquei a mão e passei devagar pelas costas dele até cutucar levemente a cintura.
— Thiago… — chamei baixinho.
Ele resmungou algo incompreensível e se virou de barriga pra cima. A luz bateu no rosto dele, e ele levou uma mão até os olhos antes de abrir aquele sorriso de canto preguiçoso que sempre me desmontava.
— Viu, minha pequena? — disse com a voz rouca de sono. — O sol volt