THIAGO
Aquela manhã começou estranha. Mirela acordou mais cedo que o normal, mexendo nas coisas da cozinha em silêncio, sem cantar, sem sorrir. Eu só observei da porta do quarto, com a testa franzida, até que o celular dela vibrou. Vi o nome do hospital na tela e não consegui segurar.
— Pode atender aqui — falei, me aproximando.
Ela atendeu. Eu vi o olhar dela mudando enquanto ouvia a ligação. O rosto dela ficou sem cor. Quando desligou, só conseguiu me encarar por dois segundos antes de desabar.
— O Rodrigo morreu… — disse entre soluços, caindo no sofá.
Não teve comemoração, alívio exagerado ou sorriso de vingança. Teve silêncio. Dor. Um luto confuso.
Eu sentei ao lado dela e a puxei pro meu peito. Eu sabia o quanto aquele cara causou, o quanto ele feriu, ameaçou e destruiu. Mas também sabia que, antes de tudo isso, ele foi alguém que ela amou. Alguém que, por um longo tempo, fez parte da história dela, eles sonhavam juntos com um futuro, e talvez, se eu não tivesse entrado na vida