MIRELA
Foram quase duas semanas trancados naquele quarto de hotel. O tempo parecia meio parado, meio suspenso, como se o mundo lá fora tivesse apertado o pause e só a gente estivesse ali, tentando respirar entre medo e esperança.
Mas quando a polícia confirmou que o Rodrigo ia sobreviver… e que seria transferido pra prisão assim que saísse da UTI… eu senti que, enfim, a vida podia andar de novo. Era como se uma névoa tivesse se dissipado.
Thiago me olhou naquela manhã, com a mala já pronta, os olhos menos pesados, e disse:
— Vamos pra casa?
E eu disse sim.
Sem pensar.
Sem medo.
Com o coração pronto.
A volta pro apartamento foi silenciosa. O carro deslizou pela cidade como se carregasse um pedaço da gente que tinha mudado. Nada mais era igual. Eu não era mais só a garota assustada que fugia de um ex abusivo, nem a adolescente perdida entre dois caras intensos demais. Agora eu era tudo isso e mais. Eu era mãe. Eu era mulher. Eu era alguém que sobreviveu.
Entrar no apartamento foi estran