LUCAS
A gatinha da Mirela tava ali, sentada de pernas cruzadas no meu sofá, com aquele jeitinho meigo, o celular carregando na mesinha da sala.
E eu?
Tentando fingir que não tava olhando demais.
Mas, fala sério… como não olhar?
Aquela menina tem algo. Não sei explicar.
Tem um brilho no olhar azul dela que diz mais do que qualquer boca. Por trás desse rostinho de anjo, eu juro que tem uma gata selvagem escondida, dessas que te deixa curioso sem nem tentar.
As falas dela sempre têm um duplo sentido, e eu finjo que não entendo. Mas entendo. Entendo tudo. Só prefiro manter o disfarce.
Sentei do lado dela, tentando manter a compostura. Peguei dois copos e servi um suco gelado pra nós.
— Se quiser, pode deitar aqui no sofá… ou ir pro meu quarto, se preferir. — falei tranquilo, mas de olho em cada reação dela.
Ela olhou pro copo, pensou um pouco. Dava pra ver que tava cansada. O olhar já pesava, e a noite não tinha sido fácil pra ela.
— Eu vou esperar meu tio me buscar... descanso em casa.