MIRELA
Eu não sei o que me deu.
Na verdade, sei sim.
Foi a raiva. Foi o nojo. Foi a sensação de ser descartada, substituída… como se o que rolou entre a gente não tivesse significado nada. Ele disse que ia jantar. Jantar. E quando vejo, tá pelado, sendo chupado por duas mulheres em cima do sofá.
A porta fez um clac pesado atrás de mim, abafando o som de risadas e gemidos. A rua tava fria, deserta e úmida… parecia combinar com o que eu sentia por dentro.
Enfiei as mãos no bolso do moletom, cabeça baixa, tentando não chorar. Mas por dentro, eu tava aos pedaços.
“Garotinha”, foi o que alguém disse. Como se eu fosse uma criança atrapalhando a diversão dos adultos.
Que ódio.
Desci a rua andando rápido, com o coração batendo na garganta e a cabeça doendo de tanto pensar. Não sabia pra onde ia. Só queria me afastar. Me perder. Talvez até me esquecer um pouco.
Na primeira esquina, pensei em pedir um carro de aplicativo, mas o celular tava quase sem bateria. Vacilo meu. Fiquei parada, olhando