POV Lívia
Eu estava enlouquecendo. O beijo, aquele maldito beijo na cozinha, ainda queimava em minha pele como uma tatuagem invisível. Eu conseguia sentir os lábios dele, a força das mãos firmes me pressionando contra a bancada fria, a proximidade do seu corpo — duro, quente, másculo. E, pior, a evidência do desejo dele roçando contra mim de um jeito que eu jamais havia sentido antes. Era impossível fingir que não aconteceu. E era ainda mais impossível ignorar como me sentia. Confusa. Perdida. E... excitada. Sim, aquela parte era a pior de todas. Eu, que sempre fui certinha, agora estava sonhando com o pai das crianças para quem eu cuidava. E ele, o todo poderoso, senhor Gael Mendes, estava tentando agir como se aquilo tivesse sido apenas um lapso. — Esqueça o que aconteceu, Lívia. — Ele disse logo pela manhã, com uma expressão séria, fria, quase indiferente. — Foi um erro. Erro? Quase ri na cara dele. Mas, claro, quem era eu para contestar? Apenas uma babá. O problema era que, naquela noite, meu inconsciente traiu todas as ordens racionais do meu cérebro. Sonhei com ele. De um jeito sujo, explícito, quente. Eu estava em sua cama, nua, sentindo suas mãos explorando cada centímetro do meu corpo virgem, gemendo seu nome, suplicando por mais. E eu gemia alto. Tão alto que Gael ouviu. Eu não sabia, mas ele estava passando pelo corredor quando ouviu meus gemidos abafados pelo travesseiro. A porta do meu quarto estava encostada, e ele, curioso — ou talvez louco — ficou ali parado, ouvindo. Sentindo o sangue correr direto para seu membro enquanto sua mão fechava a maçaneta com força. Ele não resistiu. Correu para o banheiro mais próximo e, encostado na parede fria de azulejos, com o som abafado dos meus gemidos ecoando na mente, deixou o prazer tomar conta. Rápido, intenso, humilhante. Ele odiava se sentir assim. Fraco. Obcecado. Mas, naquele instante, eu era a única coisa que conseguia pensar. No dia seguinte, fingimos normalidade. Eu mal conseguia olhar para ele, e Gael parecia ainda mais frio do que nunca. Evitava qualquer contato visual. Estava mais distante com as crianças. Até mesmo Bianca, a pretendente perfeita da família, percebeu a tensão que pairava sobre a casa. Mas eu precisava respirar. Foi Daniel quem me resgatou daquela confusão interna. Me convidou para sair com alguns amigos dele. Um barzinho simples, algo leve. Era minha primeira vez bebendo. No início, recusei. Mas, no fundo, eu só queria esquecer. Aceitei. A noite foi uma mistura de risadas, cervejas amargas e uma ousadia que nunca imaginei ter. Ri alto, dancei, bebi além da conta... E, pela primeira vez, senti o olhar de Daniel sobre mim de um jeito diferente. Um flerte descarado. Ele me puxou para perto no meio de uma música lenta, me fez girar, me fez sorrir. Por um breve instante, pensei em ceder, em aceitar seu beijo ali mesmo, na pista, na frente de todos. Mas, no fundo, meu corpo gritava por outro homem. E aquilo era o suficiente para eu me afastar, confusa, perdida, sabendo que não conseguiria fugir de Gael, por mais que tentasse. Quando voltei para casa, eu estava em um estado deplorável. Rindo à toa, falando besteiras, tropeçando nos próprios pés. E, no auge da loucura, resolvi nadar nua. Sim, completamente nua. Eu queria sentir a água fria aplacar o fogo que queimava dentro de mim. Eu queria ser livre, por uma noite, mesmo que fosse idiota, mesmo que fosse insano. O que eu não sabia... era que Gael estava com Bianca na sala de estar, tentando afogar suas próprias frustrações em beijos sem alma. Quando ela foi embora, ele foi até a varanda, e o que viu quase o fez perder o controle. Eu. Nua. Na piscina. Como uma sereia provocante em sua própria casa. Seus punhos cerraram. Sua mandíbula endureceu. E ali, naquele instante, ele soube: estava perdido. o próximo meu Deus😍❤️😭