Alexander Narrando
Mais uma vez o enfermeiro me pegou nos braços, como se eu fosse um boneco de pano. Deveria estar acostumado, mais ainda me incomodava, essa sensação de dependência, de não controlar nem o próprio corpo. Ele me colocou com cuidado no banco do carona do carro da Norah. Ela ajeitou o cinto em mim, fechou a porta e deu a volta, assumindo o volante com aquele jeito determinado que parecia não conhecer limites.
— Pronto? — perguntou, com um sorriso de canto.
— Você quem manda, doutora — respondi, meio irônico.
Ela deu partida no carro, e o motor rompeu o silêncio tranquilo da fazenda. A estrada de terra era larga, ladeada por cercas de madeira e fileiras de eucaliptos que se balançavam ao vento. À medida que ela dirigia, eu ia indicando o caminho, mostrando cada pedaço daquele lugar que, de certa forma, era o que me restava de mim mesmo.
— Ali fica o estábulo — apontei. — Tem uns quinze cavalos. O preto é o mais bravo, ninguém monta nele desde que... — parei de falar. No