Cristiane Mendonça:
O som de coisas se quebrando atinge meus ouvidos antes mesmo de eu chegar à porta de Fernando. Meu coração palpita, o medo querendo me dominar. Eu paro por um momento, respirando fundo, tentando acalmar meu coração. Meu filho está berrando tão alto que as palavras são indistinguíveis, mas a raiva é clara. Tento bater na porta, mas minha mão treme. Não há resposta. O desespero me consome. Pego a cópia da chave que fiz escondido de sua casa.
A porta se abre com um ranger suave e entro cautelosamente, o som das minhas sapatilhas abafadas pelo caos que encontro. A sala está em desordem completa, com móveis virados e cacos de vidro espalhados pelo chão. Fernando está no meio de tudo, com os cabelos bagunçados e os olhos nublados, como se estivesse lutando contra algo invisível.
— Fernando! — chamo, minha voz trêmula.
Ele não me nota. Cada vez que me aproximo, parece que ele se afunda mais e mais na escuridão, gritando com vozes que só ele ouve. Sinto um medo antigo e fam